Conclave: Segredo e rituais próprios (vÃdeo)
Lisboa, 12 mar 2013 (Ecclesia) – A eleição do novo Papa, que se inicia hoje, obedece a rituais precisos, num clima de silêncio e segredo, com legislação escrita por João Paulo II e Bento XVI.
A eleição do sucessor do Papa emérito vai envolver 115 cardeais: 48 participaram no conclave de 2005 que elegeu Bento XVI; os outros 67 foram criados por este último.
Todo o processo está determinado na Constituição Apostólica “Universi Dominici Gregis”, assinada por João Paulo II em 1996, e em dois decretos de Bento XVI, anexados em 2007 e em fevereiro deste ano.
Após a ordem 'Extra Omnes' (todos fora), dada às pessoas estranhas ao Conclave, os cardeais vão encontrar-se a sós, na Capela Sistina, com os seus pares; todos os meios de comunicação com o exterior são proibidos.
Nos conclaves de séculos anteriores, os cardeais ficavam alojados na própria capela, mas João Paulo II quis melhorar as condições e mandou construir a Casa de Santa Marta, no complexo do Vaticano: os cardeais continuam a estar submetidos à interdição de qualquer contacto com o exterior, mas não ficam encerrados num único local.
[[v,d,3832,]]Os conclaves do século XX tiveram uma duração sempre inferior a cinco dias e 14 votações; Bento XVI foi eleito ao segundo dia do Conclave de abril de 2005, após quatro escrutínios.
A votação acontece com o preenchimento de um boletim retangular, que apenas traz impressa a menção "Eligo in Summum Pontificem" (elejo como Sumo Pontífice) na parte superior.
O boletim é dobrado e é levado para diante do altar, onde está colocada uma urna em cima de uma mesa, com três cardeais escrutinadores, escolhidos por sorteio.
Os cardeais eleitores pronunciam o juramento: “Invoco como testemunha Cristo Senhor, o qual me há de julgar, que o meu voto é dado àquele que, segundo Deus, julgo deve ser eleito”.
Outros três cardeais têm a missão de recolher os votos dos prelados doentes e existem ainda ainda três revisores.
Se as votações não tiverem êxito, após um período máximo de 9 dias de escrutínios e “pausas de oração e livre colóquio” descrito na Constituição Apostólica, os eleitores serão convidados pelo cardeal camerlengo (D. Tarcisio Bertone) a darem a sua opinião sobre o modo de proceder.
O documento de João Paulo II abria a hipótese de a eleição ser feita “com a maioria absoluta dos sufrágios”, situação que foi revogada por Bento XVI em 2007, que confirmou a necessidade da maioria de dois terços dos votos (77, neste caso).
Depois de cada sessão, os boletins e “os escritos de qualquer espécie relacionados com o resultado de cada escrutínio” são queimados.
Compete ao novo eleito responder a duas questões do cardeal Decano: ''Acceptasne eletionem de te canonice factam in Summum Pontificem?” (aceitas a tua eleição, canonicamente feita, para Sumo Pontífice?) e ''Quo nomine vis vocari? (Como queres ser chamado?).
O novo pontífice é acompanhado à chamada 'sala das lágrimas' para envergar pela primeira vez os paramentos papais - previamente disponíveis em três medidas.
Após a escolha do nome, um a um os cardeais prestam homenagem e apresentam a sua obediência ao novo Papa.
O anúncio é feito, em seguida, aos fiéis, desde o balcão central da Basílica de São Pedro, pelo cardeal protodiácono (D. Jean-Louis Tauran): 'Habemus Papam'.
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Conclave Bento XVI Bento XVI - Resignação