“Uma das maiores preocupações da Igreja sudanesa são as crianças órfãs de pai, de mãe, ou ambos”, diz o Cardeal Gabriel Zubeir Wako, Arcebispo de Cartum e presidente da Conferência Episcopal do Sudão.
“Infelizmente, a guerra deixou um grande número de órfãos”, explica o Cardeal em declarações à agência Fides, do Vaticano.
“Alguns são órfãos de pai, muitos perderam ambos os pais. Por não terem uma família que se ocupe delas, a situação destas crianças é muito difícil e precária. Até aqueles que vivem apenas com a mãe se encontram em dificuldades, porque, infelizmente, as mulheres são uma das categorias mais desfavorecidas da sociedade sudanesa”, acrescenta.
Nesse sentido, a Igreja está a apostar em programas de ajuda à infância, sobretudo no campo sanitário e do ensino. “Durante os longos anos da guerra, a Igreja Católica foi a única fonte de esperança para milhões de pessoas. Seja a população do sul do país, como os muitos refugiados que deixaram suas aldeia para refugiar-se nas cidades do norte, e os habitantes da capital. Estas pessoas foram submetidas a fortes pressões para se converterem ao Islamismo: carentes de tudo, são tentadas a mudar de religião em troca de compensações materiais. Mas a maior parte dos cristãos permaneceram fiéis a Cristo e continuam a perseverar na fé”, afirma o Cardeal Wako.
A chegada dos refugiados foi outro desafio para a Igreja. “A primeira dificuldade que tivermos de superar foi a desconfiança que existia entre os refugiados: nos campos de acolhimento e nas paróquias, repetiram-se as mesas rivalidades tribais que há séculos, dividiam os habitantes do sul do Sudão. Com um trabalho paciente, fomos capazes de fazer com que pessoas de tribos diversas dialogassem entre si. As dificuldades comuns a serem superadas favoreceram este diálogo e acredito que este seja um sinal da Providência, que é capaz de transformar o mal em bem”, explica o presidente da Conferência Episcopal do Sudão.