Vaticano

Cristãos vivem aterrorizados em Mossul

Octávio Carmo
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A comunidade cristã vive momentos de terror no Iraque, sobretudo na cidade de Mossul. O Arcebispo caldeu de Mossul viu a sua casa ser incendiada esta terça-feira por um grupo terrorista. D. Faraj Rahho e vários sacerdotes foram forçados a abandonar a residência episcopal por um grupo de homens armados, descritos como elementos das brigadas “Mujahedin”. O arcebispo Faraj Rahho (de 62 anos) e os sacerdotes com quem estava reunido foram levados sob ameaça de armas para o exterior do edifício. Os atacantes lançaram depois engenhos explosivos para o interior da residência episcopal, que provocaram um incêndio. O prelado ainda suplicou aos terroristas para que o deixassem entrar na casa para recolher documentos importantes, mas o seu pedido foi recusado. Sacerdotes de Bagdad que foram contactados pela Fundação “Ajuda à Igreja que Sofre”, indicaram que “o bispo e os padres ficaram tremendamente abalados”, especialmente porque D. Faraj Rahho “foi forçado a ficar defronte à sua casa e vê-la a arder”. Há já vários meses, os sacerdotes e os cristãos de Mossul têm vindo a receber ameaças de morte. Estas ameaças levaram D. Faraj Rahho a deslocar um dos sacerdotes da sua diocese para uma casa distante da cidade. João Paulo II condenou ontem os atentados cometidos no Iraque contra a minoria cristã. “Ontem (terça-feira) em Mossul, no Iraque, foram destruídos uma igreja arménia-católica e o edifício do arcebispado caldeu”, denunciou o Papa, perante vários milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro, para a oração do Angelus. “Suplico ao Senhor, através da Virgem Imaculada, que o querido povo iraquiano possa finalmente conhecer um tempo de reconciliação e de paz”, referiu, endereçando condolências aos fiéis iraquianos “perturbados pelos atentados”. Neste momento, numa população de 22 milhões de habitantes, o número de cristãos no Iraque é de cerca de 750 mil. Destes, 70% fazem parte da Igreja Católica caldeia. Cinco igrejas de Bagdad foram alvo de uma série de ataques simultâneos a 19 de Outubro que não fizeram vítimas. A minoria cristã já tinha sido alvo de actos de violência em Agosto, quando seis atentados contra locais de culto cristãos causaram 10 mortos e 50 feridos em Bagdad e Mossul.


Guerra do Iraque