Vaticano

Cristianismo em risco na Terra Santa

Fundação AIS
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A Ajuda à Igreja que Sofre visitou a Terra Santa no intuito de avaliar a dimensão da crise que está a atingir as comunidades cristãs e de verificar o que poderá ser feito para ajudar os cristãos em dificuldades neste país. A presença cristã na sociedade israelita está em risco de desaparecer. No espaço de 40 anos, o número de crentes baixou de 20 por cento para menos de 2 por cento. Actualmente, existem pouco mais de 150 mil cristãos que têm de enfrentar quotidianamente discriminação no emprego, na escola, no próprio bairro. As razões desta discriminação prendem-se com a religião que professam, com o seu estatuto social e com a origem étnica (na sua maioria são árabes palestinianos). A tensão degenera frequentemente em violência: as comunidades cristãs são alvo de tiroteios esporádicos, ofensas verbais, ameaças anónimas e, por vezes, as pessoas são forçadas a abandonar as suas casas. Simultaneamente, o custo de vida e o desemprego, especialmente nos territórios palestinianos, têm vindo a aumentar. O Franciscano Pierbattista Pizzaballa comenta: "Parece-me que as pessoas no Ocidente não têm a noção que existem ainda cristãos a viver aqui, que necessitam da nossa ajuda". Também os académicos alertam para a hipótese de que o cristianismo venha a desaparecer da Terra Santa se a taxa de emigração entre os cristãos não diminuir. Recentemente, a Ajuda à Igreja que Sofre esteve na cidade de Mughar, onde a comunidade estava ainda em choque, três meses após 5 mil cristãos terem abandonado a cidade depois de um ataque de fanáticos drusos. Em Belém – uma cidade que está a desaparecer atrás da gigantesca muralha que está a ser construída pelas autoridades israelitas, no contexto da contínua luta pelo domínio dos territórios na Cijordânia – o turismo, as peregrinações e o comércio de artigos religiosos vive dias difíceis. As famílias cristãs lutem para manter as suas lojas de artigos religiosos, mas os turistas são cada vez menos em Bethlehem devido às dificuldades em ultrapassar os postos de controlo do exército e da polícia israelita. Em Ramallah, na cidade quartel-general da Autoridade Palestiniana, o Padre Nazaih salienta o sentimento anti-cristão existente: "Todos os muçulmanos gostam de vir para esta cidade. Pouco a pouco, os cristãos partem porque não podem viver com os muçulmanos. Existem alguns fanáticos que não gostam do facto de existirmos". O aumento do extremismo muçulmano está a causar um êxodo massivo numa cidade que antes da criação do Estado de Israel era inteiramente cristã. Entretanto, organizações como o Conselho de Jerusalém para Relações entre Judeus e Cristãos trabalham para quebrar as barreiras entre estas duas religiões. O director da organização, Daniel Rossing, descreveu que estes encontros entre judeus e cristãos estão a começar lentamente de forma a ultrapassar os preconceitos mútuos mas confessa que ainda existe "um longo caminho a percorrer". Departamento de Informação da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre


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