Vaticano

D. Jorge Ortiga apela à mudança da religiosidade portuguesa

Octávio Carmo
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Arcebispo de Braga presidiu à primeira Missa em honra da Beata Alexandrina

O arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, presidiu hoje na Basílica de São Pedro à primeira liturgia eucarística em honra da Beata Alexandrina, que ontem foi elevada à honra dos altares por João Paulo II. A vida de Alexandrina serviu de ponto de partida para uma série de críticas do arcebispo de Braga, que pediu aos fiéis que “o culto aos Santos não ofusque a Eucaristia e o Sacrário”. Censurando os cristãos que “só olham para as imagens e esquecem a presença de alguém que apaixonou e foi a razão de ser da vida daqueles que queremos homenagear”, D. Jorge disse aos peregrinos que "viemos a Roma e não podemos levar somente a alegria de ter participado num acontecimento maravilhoso. Teremos de ser mensageiros da memória e mensagem da venerável Alexandrina”. Na homilia da celebração, o prelado explicou que “a Beatificação duma pessoa é um modo de perpetuar a sua memória”. “A partir de agora a Beata Alexandrina será colocada nos altares como alguém a quem recorremos e sobretudo a quem queremos imitar. A sua presença deveria apontar o caminho duma centralidade da Eucaristia, na pastoral e na vida das pessoas e das comunidades”, acrescentou. OS INIMIGOS DA IGREJA D. Jorge Ortiga disse aos peregrinos presentes que “os tempos são adversos e os inimigos dispõem de armas que não conseguimos imaginar”. “Procura-se o sensacionalismo e há prazer em mostrar o que se apelida de ruptura. Não se ouve o que a Igreja quer comunicar, mas aquilo que gostaria de se ouvir; as frases são interpretadas e esquecem-se os valores que pretendemos anunciar”, criticou o prelado. O arcebispo de Braga explicou que o exemplo de Alexandrina é um desafio para todos os católicos. “O nosso coração «não arde» com a presença do Ressuscitado e, como consequência, os dinamismos do mundo em vez de serem permeados pelo Espírito Evangélico são conduzidos por leis e comportamentos estranhos e contraditórios à Boa Nova”, constatou. “Vejamos o que acontece com o Santo Padre. O seu testemunho é eloquente. Quantos o seguem? Onde chega a doutrina dos Bispos em Portugal? Onde estará a nossa coragem?”, questionou, numa intervenção particularmente dura, em que condenou uma vivência “demasiado habitual e formal” da fé cristã. Já na Vigília da cerimónia de beatificação, numa celebração que teve lugar na Basílica de Santa Maria Maior, Roma, D. Jorge Ortiga pedira que os cristãos “ultrapassem um cristianismo sociológico ou por tradição e consigam chegar à consciência de ser pertença de Deus” , como Alexandrina. Recordando que a Beata Alexandrina orientou muitos jovens e adolescentes para a vida sacerdotal e religiosa, o arcebispo de Braga declarou que “a nossa Igreja necessita desta consciência de consagração e dum apreço maior pelas vocações de especial consagração”.


Alexandrina de Balasar