Vaticano

Deixem os crucifixos nas salas de aula, reclamam polítcos italianos

Octávio Carmo
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Líderes políticos das mais diversas tendências, autoridades religiosas e mesmo alguns muçulmanos expressaram uma concordância pouco comum em exigir que os crucifixos sejam mantidos nas salas de aula italianas, apesar da polémica decisão judicial a esse respeito. O debate sobre a presença dos crucifixos nas salas públicas italianas desatou na semana passada quando Adel Smith, presidente do partido União de Muçulmanos da Itália –e a quem outros muçulmanos acusam de procurar notoriedade - apresentou uma queixa contra a escola pública Antonio Silveri, em Ofena - Aquila, declarando que a presença do habitual crucifixo violava a liberdade religiosa de seus filhos. Em virtude da separação entre a Igreja e o Estado, o tribunal ordenou a retirada dos crucifixos, apesar da lei italiana e disposições do Tribunal Constitucional os autorizarem expressamente. O Ministro da Justiça, Roberto Castelli, ordenou aos inspectores regionais que abrissem uma investigação para determinar “se foi respeitada a ordem ou se as leis vigentes foram ignoradas”. O Presidente da República, Azeglio Ciampi, afirmou que “o crucifixo nas escolas sempre foi considerado não apenas como sinal distintivo de um determinado credo religioso, mas principalmente como o símbolo dos valores que estão na base de nossa identidade”. O vice-presidente Gianfranco Fini, por sua vez, indicou que a decisão do juiz não apenas viola a lei e a tradição italiana, como “oferece argumentos aos que negam a possibilidade de uma convivência pacífica e de uma integração respeitosa (dos muçulmanos) na nossa sociedade”. O ministro do Interior, Giuseppe Pisanu, declarou que sentir-se ofendido como cristão, mas também com cidadão. “O crucifixo não é apenas um símbolo da minha religião, mas a expressão mais elevada de dois mil anos de civilização que pertencem ao povo italiano. Esta sentença ameaça alterar a sincera disposição ao diálogo que existe entre a esmagadora maioria das igrejas, comunidades e grupos religiosos da Itália”, advertiu. Por sua vez, o Ministério da Instrução Pública manifestou que continuará a aplicar a legislação de 1924, ainda vigente, que admite a presença da cruz nas escolas e tribunais. Praticamente todos os partidos políticos assinaram uma resolução multipartidária no Parlamento italiano indicando que o crucifixo “é o mais antigo e poderoso símbolo da liberdade de todos”, bem como o símbolo “da laicidade do Estado”, e reclama ao governo que verifique “o efectivo respeito” da lei que prevê a presença do crucifixo em todas as salas de aula. A resolução convida o governo a preparar em todas as escolas uma campanha “para explicar a todos por quais motivos o crucifixo representa uma identidade nacional, europeia e ocidental. O Presidente da Conferência Episcopal Italiana, Cardeal Camillo Ruini, afirmou por seu turno que o crucifixo “expressa a alma profunda do país e deve continuar a ser sinal da identidade da nação”. • João Paulo II lembra importância da cruz de Cristo para os católicos


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