Vaticano

Denúncia de religiosa brasileira dá origem a investigação sobre o tráfico de órgãos em Moçambique

Octávio Carmo
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O negócio de tráfico de órgãos que poderá explicar a morte de várias crianças, nos últimos meses, em Nampula, Moçambique, parece não se restringir apenas a esta província. Situações semelhantes serão conhecidas em outras províncias do país, segundo declarou o procurador-geral da República de Moçambique, Joaquim Madeira, à RDP-África. Conforme destaca o mesmo o procurador-geral da República, as investigações sobre estes alegados casos de tráfico de órgãos decorrem há cerca de dois meses em Nampula, após denúncia feita junto da Liga dos Direitos Humanos pela missionária Elilda dos Santos. A religiosa chegou a estar fechada com um grupo de crianças, durante alguns dias, no convento onde reside, receando pela sua vida. Terá ainda sido ameaçada de expulsão se continuasse a falar. As ameaças começaram quando ela descobriu e denunciou uma série de assassinatos. Os corpos mutilados, a maioria de crianças, revelaram uma conexão com o tráfico internacional de órgãos. A sua situação foi recentemente noticiada no Brasil, durante nos jornais e num programa televisivo, com base num "dossier" e num vídeo denunciando a situação que a freira entregou a uma outra religiosa que viajou recentemente para o continente americano. "Uma pessoa chegou ao mosteiro onde Maria Elilda mora para vender uma criança. Eles erraram o endereço e foi aí que a Maria Elilda começou esta pesquisa e encontrou muitos dados dessas crianças que eram vendidas: elas eram mortas e os órgãos aproveitados", conta essa mesma mensageira. Com uma câmara de vídeo e muita coragem, a irmã Elilda percorreu as vilas de Nampula em busca de provas. Encontrou um povo assustado e sem protecção. No dossier, a irmã Elilda aponta o primeiro caso, uma menina de 12 anos desaparecida em Outubro de 2002: o corpo foi encontrado sem o coração, pulmões e rins. A mãe da menina assassinada diz que a polícia foi ao local, mas não tomou providências; o corpo foi enterrado e o caso encerrado.


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