Vaticano

Direitos Humanos no Médio Oriente

Francisco Perestrello
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A recente vitória do Hamas nas eleições do território palestiniano torna especialmente oportuna a estreia do mais recente filme de Steven Spielberg, "Munique". Partindo dos acontecimentos de 1972 nos Jogos Olímpicos, em que onze atletas israelitas perderam a vida às mãos de um grupo árabe, Spielberg centra o filme na retaliação decidida e executada pelos serviços secretos de Israel. Por um lado é de realçar o cuidado posto na reconstituição da época e na boa caracterização das principais figuras históricas, nomeadamente Golda Meir; por outro a descrição precisa dos actos de agressão, cometidos de parte a parte. O filme pugna pela inutilidade da guerra, pondo em realce os argumentos de cada uma das partes, mesmo que não esconda inteiramente a simpatia do autor pela causa israelita. Tal não impede a sua crítica a muitos dos processos usados no combate aos grupos árabes, com assassinatos selectivos, recorrendo a todos os meios ilegais nos mais diversos países do mundo. Muito conhecido pelos filmes puramente lúdicos - como é o caso da trilogia de Indiana Jones - Spielberg não deixou por isso de atingir os pontos mais altos da sua carreira com temáticas sérias, como "A Lista de Schindler" e "O Resgate do Soldado Ryan". "Munique" não chegará tão longe como os dois exemplos anteriores, mas contém muita informação sobre um caso histórico e uma boa análise das suas consequências. O que limita a obra é a insistência em mostrar a quase totalidade dos homicídios perpetrados pela equipa da Mossad sobre os assassinos de Munique, o que conduz a alguma repetição e a uma montagem muito acelerada, que nem assim evitou que o filme atingisse bem perto de três horas de projecção. É um trabalho sério e interessante, que merece uma análise consciente capaz de separar as situações reais da limitada tomada de partido que por vezes se faz sentir. Francisco Perestrello


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