A leiga consagrada é conhecida mundialmente por estar na origem das denúncias a uma rede de tráfico de órgãos e crianças em Nampula
A missionária brasileira Elilda dos Santos vai deixar Moçambique a meio desta semana para ir testemunhar diante da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre tráfico de órgãos (CPI), da Câmara dos Deputados do Brasil.
Esta leiga consagrada é conhecida mundialmente por estar na origem das denúncias a uma rede de tráfico de órgãos e crianças em Nampula, no norte de Moçambique.
Maria Elilda tem vindo a receber ameaças de morte e já deixou o mosteiro onde vivia para se esconder em casas de amigos.
Segundo apurou a Agência ECCLESIA, Elilda dos Santos terá protecção policial até deixar Moçambique e é possível que ela decida fazer declarações antes de deixar Nampula.
O relator da ONU contra a prostituição e venda de crianças, Juan Miguel Petit, foi um dos primeiros responsáveis a exigir que o Brasil tome medidas concretas para evitar que a missionária seja assassinada, como ocorreu com outra brasileira, Doraci Edinger. Para Petit, Maria Elilda é “fonte fundamental” para informações sobre como actua a mafia do tráfico de órgãos não apenas na África, mas também na América do Sul e na Europa.
Para os responsáveis católicos em Moçambique, o Estado moçambicano não está a fazer uma investigação séria sobre os casos que foram denunciados desde o dia 2 de Outubro de 2002, criticando “a negação apressada, pura e simples das denúncias” e “a tentativa de desacreditar as denúncias e de modo particular uma das denunciantes, Maria Elilda dos Santos”.
No dia 13 de Setembro de 2003, numa denúncia assinada pelo Arcebispo de Nampula, D. Tomé Makhweliha, pelo Reitor do Seminário Inter-diocesano, Pe. Carlos Alberto Gaspar Pereira, pela leiga consagrada da Arquidiocese de São Paulo, Maria Elilda dos Santos, e pela superiora do Mosteiro Mater Dei, Ir. Maria Cármen Calvo Ariño (Ir. Juliana), foram divulgados vários acontecimentos estranhos e preocupantes ocorridos na cidade de Nampula. Essa denúncia foi levada à reunião da Conferência Episcopal de Moçambique, que decidiu apresentar o problema ao Presidente da República, Joaquim Chissano.