A assinatura de uma Concordata entre a Santa Sé e a República do Brasil dominou a reunião desta quinta-feira entre Bento XVI e Lula da Silva, em São Paulo.
Segundo a Rádio Vaticano, o Papa manifestou a intenção de concretizar ainda durante o seu pontificado o Tratado proposto pela Santa Sé ao Brasil, com intuito de regulamentar as actividades da Igreja no país.
Lula afirmou ao Papa que o empenho da administração federal é “preservar e consolidar o estado laico, e ter a religião como um instrumento para tratar do espírito e de problemas sociais”.
O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, salintou o “ambiente positivo” entre as duas partes e confirmou a redacção de um acordo global que fundamente as relações mútuas. Este acordo, revela, será de grande ajuda “para a resolução dos problemas que podem estar ainda sobre a mesa”.
Lula da Silva e Bento XVI destacaram a importância da família e do relacionamento da Igreja com o Estado para a construção da paz. O presidente do Brasil expôs aos Papa as políticas do governo federal como o programa “Bolsa Família”, de transferência de rendimento e o programa de biocombustíveis.
Segundo a embaixadora do Brasil junto da Santa Sé, Vera Machado, o Papa demonstrou “grande apreço” pelo Bolsa Família e mostrou interesse em saber mais sobre o biodiesel e o seu uso para ajudar os países africanos.
Durante o encontro de cerca de 30 minutos entre o presidente Lula e o papa Bento XVI, nesta quinta-feira, no Palácio dos Bandeirantes, o tema do aborto não foi mencionado, segundo assessores da presidência.
Lula também defendeu a integração da América Latina, no contexto da política externa brasileira. Para o presidente, o Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) é um importante instrumento de reforço dessa união.
Durante a passagem de Bento XVI pelo Palácio dos Bandeirantes foi lançado um selo criado pelos Correios brasileiros, com a figura do Papa, comemorando a sua primeira visita ao país.
Depois de sair do encontro com o presidente Lula, o Papa voltou ao Mosteiro de São Bento se reunir com líderes de outras confissões religiosas. Segundo o Pe. Federico Lombardi, director da Sala de Imprensa da Santa Sé, este “foi um encontro de fraternidade e de demonstração de boas-vindas da parte dos representantes das diversas confissões religiosas”.