Vaticano

Enviado do Papa revela pormenores da reunião com George W. Bush

Octávio Carmo
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Cardeal Laghi defende que os factos deram razão ao Vaticano sobre a guerra no Iraque

Sete meses depois de ter tentado convencer George W. Bush a não invadir o Iraque, o Cardeal Pio Laghi defende que os acontecimentos deram razão ao Vaticano no que diz respeito às consequências da guerra e às dificuldades na consolidação da paz. O enviado especial do Papa aos EUA recordou os detalhes do seu encontro de Março passado com Bush e outros responsáveis da Casa Branca numa conferência intitulada “Deus e o encontro de civilizações”, na Itália. Três semanas antes da ofensiva contra o Iraque João Paulo II enviou o Cardeal Laghi para defender a sua posição contra a guerra diante do presidente Bush, mas cedo percebeu que esses seus argumentos não teriam muito peso. “Tive a impressão de que a decisão já estava tomada”, disse. “Hoje os acontecimentos mostram que as preocupações da Santa Sé estavam bem fundamentadas”, acrescenta D. Laghi. Segundo o cardeal, assim que se encontrou com Bush este começou a explicar as razões para a guerra. Teve de lhe pedir que parasse para o ouvir. “Bush ouviu, mas levantou objecções aos argumentos do Vaticano sobre a guerra preventiva e o uso da força”, revela. “Ele comportava-se quase como se agisse por inspiração divina e parecia verdadeiramente na guerra do bem contra o mal”, lamentou o prelado. No final do encontro, Bush disse que apesar das divergências tinham pontos comuns na defesa da vida humana. “Respondi-lhe que não era isso que estava em causa com este ataque”, recorda o cardeal.

Guerra do Iraque