Gian Luigi Gigli, presidente da Federação Mundial de Associações de Médicos Católicos (FIAMC)
O estado vegetativo é “um termo pejorativo” que implica falta de humanidade, alerta Gian Luigi Gigli, presidente da Federação Mundial de Associações de Médicos Católicos (FIAMC), em entrevista concedida à agência Zenit.
O médico explica que o estado vegetativo “não é uma doença terminal e não necessita de máquinas para garantir as funções vitais. Contudo, necessita de atenção, em particular de hidratação e alimentação”.
O presidente da FIAMC lembra que para a Igreja, o paciente em estado vegetativo é uma pessoa humana, necessitada de “curas carinhosas”. A discussão principal, neste momento, é sobre a continuação indefinida da hidratação e nutrição.
“Alguns viram o prolongamento da hidratação e da nutrição como um exagero terapêutico, outros interpretaram como eutanásia a sua suspensão, considerando as consequências mortais que dela derivam inevitavelmente” relaya Gigli.
A discussão sobre esta matéria, no nosso país, foi relançada pelo parecer aprovado pelo Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) sobre o estado vegetativo persistente (EVP), no qual se admite a suspensão dos tratamentos de suporte básico de vida a pessoas em EVP. O documento deixa claro que “toda a decisão sobre o início ou a suspensão de cuidados básicos da pessoa em Estado Vegetativo Persistente deve respeitar a vontade do próprio”.
Essa vontade “pode ser expressa ou presumida ou manifestada por pessoa de confiança previamente designada”. Daniel Serrão, membro do CNECV e da Academia Pontifícia para a Vida (organismo da Santa Sé), explicou à Agência ECCLESIA que não estamos em presença de uma forma velada de permitir a eutanásia no nosso país.
“A eutanásia é a morte intencional de uma pessoa a seu pedido, quer dizer, há um pedido para ser morta por outra pessoa, que o acolhe e executa com um acto intencional”, descreve.
O nº 2 do parecer do CNECV salvaguarda que “a pessoa em Estado Vegetativo Persistente tem direito a cuidados básicos, que incluem a alimentação e hidratação artificiais”. Daniel Serrão admite que esta é a questão mais difícil, lembrando que “em determinadas circunstâncias, a alimentação e a hidratação podem ser progressivamente diminuídas, permitindo que a pessoa morra em paz, no seu tempo”.