A passagem do Pe. Constâncio Gusmão pelo Afeganistão, como capelão das tropas portuguesas destacadas naquele país, foi “uma das experiências de missão mais difíceis” de realizar, confessou à Agência ECCLESIA.
Destacado desde o mês de Agosto de 2005, o Pe. Constâncio Gusmão, regressou a Portugal no passado dia 3 de Fevereiro, com uma experiência de pastoral caracterizada pelo apoio moral e acompanhamento das tropas nas várias situações. “A presença do capelão é para estar, viver e sentir a experiência de cada um deles”, explicou. “Esta foi uma missão particularmente operacional e o nosso pessoal estava constantemente empenhado”.
No dia a dia o Pe. Gusmão passava a maior parte do tempo no Campo onde estavam instalados. O «alimento» que o ajudava a fortalecer e a acompanhar os homens que com ele estavam, encontrava-o no cultivo de uma vida espiritual pela oração. “Não tínhamos muitas saídas para o exterior. Por isso, passava a maior parte do tempo no campo onde tínhamos uma capela deixada pelos espanhóis, e ali podia passar muitas horas”, contou.
A celebração da Eucaristia acontecia apenas uma vez por semana, ao sábado ao final da tarde, porque, conta o Capelão, “o domingo era o chamado «rest day» (dia de descanso), e pessoal aproveitava para descansar um pouco mais nesse dia”.
Desta presença de missão, no Afeganistão, ao longo de seis meses, o Pe. Gusmão terá certamente muitas histórias para contar. Mas o momento que, certamente, não esquecerá e que afirma ter sido um dos mais marcantes, foi o “da semana do mês de Novembro em que desapareceu um dos nossos militares e três ficaram feridos. Foi muito marcante para o pessoal e para mim que tinha de os acompanhar”, desabafou.
Na ausência das famílias e num ambiente diferente, as tropas que o Pe. Constâncio Gusmão acompanhou celebraram um Natal de características idênticas ao que seria um Natal em casa porque, relatou o capelão “procuramos fazê-lo com a maior semelhança do que acontece aqui em Portugal”.
Apesar de uma presença de seis meses naquele país, o Pe. Constâncio não teve contacto directo com a população civil. Porém apercebeu-se que “a maior parte da população é iletrada, vive muito dependente dos outros e com um ordenado muito baixo que ronda o equivalente a cerca de 40 euros por mês”, disse.
Nesta missão onde se encontrava o capelão Gusmão trabalhavam 28 afegãos. Para esses, ainda no tempo de Natal, no dia de Reis, “organizámos uns cabazes para ajudar as famílias, porque eles são mesmo muito carenciados”, salientou.