O Pe. Tony Neves, missionário espiritano, regressou recentemente de uma passagem de três semanas pelo México, onde a sua Congregação trabalha desde 1970.
Evangelização e inculturação
O Pe. Tony Neves, missionário espiritano, regressou recentemente de uma passagem de três semanas pelo México, onde a sua Congregação trabalha desde 1970, ao serviço da Igreja local, numa situação muito particular: nas paróquias com predominância de comunidades indígenas.
Relatando a sua experiência à Agência ECCLESIA, o Pe. Tony Neves destaca um acontecimento sem paralelo na Europa: a comemoração do dia 12 de Dezembro, Festa de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira do México.
“Nesse dia todas as casas são um santuário a Nossa Senhora, é esta a figura que evangelizou e evangeliza o México, tanto entre os indígenas como nas grandes cidades”. De facto, a aparição de 1531 ao indígena Juan Diego, recentemente canonizado, revelava uma mulher repleta de traços locais: uma veste púrpura, como os nobres; uma cinta negra, sinal de quem espera um nascimento importante; os pés em gesto de dança, para celebrar da maneira mais efusiva que conheciam os indígenas; a Senhora apareceu no monte em que os Aztecas celebravam o culto da “Mãe de todos os deuses”. Este exemplo notável de inculturação conseguiu “fazer o que mais ninguém fez que foi assegurar a identidade do povo mexicano”, assegura o Pe. Tony Neves, citando o poeta Octávio Paz.
Outra das imagens que mais marcaram este missionário espiritano foi a “profunda desigualdade” entre pobres e ricos neste país: “há partes da Cidade do México que em nada ficam atrás das grandes cidades mundiais, mas os indígenas vivem sem nada, na mais absoluta miséria.” Um país tão marcadamente cristão vive marcado pelos contrastes, talvez porque “a religiosidade é muito popular, cheia de crenças e tradicionalismo”, explica o Pe. Tony Neves, o que dá origem a um catolicismo “muito conservador”.