Vaticano

França assinala 100 anos de separação entre Igreja e Estado

Octávio Carmo
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A França assinala no próximo dia 3 de Julho os 100 anos de separação entre Igreja e Estado, votada pela Câmara dos deputados, um passo fundamental de uma laicidade cujas bases permanecem intactas praticamente até hoje. A lei da separação foi um acontecimento traumatizante para a Igreja Católica no país, tendo provocado a ruptura das relações diplomáticas com o Vaticano. Cem anos depois, os Bispos católicos da França manifestaram o seu desejo de que no país se desenvolva uma “laicidade de diálogo”, considerando que a mesma é, por natureza, “pluralidade e diversidade”. Numa nota de imprensa publicada após a assembleia plenária da Conferência Episcopal Francesa (CEF), os prelados referem que a lei de 1905 não deve ser mudada. “A nossa concepção de laicidade não é de exclusão, mas, pelo contrário, de diálogo”, explicou o presidente da CEF, D. Jean-Pierre Ricard. “A laicidade não é a criação de um espaço neutro, onde seria preciso esconder a religião. A Igreja opõe-se a concepções radicais da laicidade, aquilo que chamamos de laicismo”, acrescentou. Fazendo uma análise da evolução das relações entre a Igreja e o Estado nestes 100 anos, o Arcebispo Ricard congratulou-se pela passagem de “relações extremamente conflituosas a relações mais serenas e apaziguadas”. O Vaticano e a CEF partilham a preocupação perante algumas “interpretações radicais” da laicidade, que revelam uma abordagem negativa ao fenómeno religioso e a vontade de relegar a influência social da religião ao contexto privado.


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