Vaticano

Futuro dos Multiplex

Francisco Perestrello
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Depois de alguns anos de crescimento no número de espectadores de cinema, em cada ano, a partir de 2003 a tendência inverteu-se, sendo menor a receita de bilheteira mesmo com subida de preços em geral superior à inflação. Fala-se na concorrência DVD, de custo semelhante ao vídeo e mais elevada qualidade, mas fala-se bem menos de outro factor mais importante: a quebra de qualidade que o cinema, de uma forma geral, tem vindo a revelar nos últimos tempos. Mantêm-se, é certo, grandes êxitos de bilheteira, como os casos dos diversos «Harry Potter», mas ao longo de um ano as receitas de um filme como este diluem-se nas numerosas estreias que nada justifica e a que o público não adere. O crescimento dos espectadores em dada época ficou a dever-se, em boa parte, ao nascimento de novas salas, como cogumelos. Salas múltiplas, cada vez mais perto de casa, mas incapazes de superar, nos anos seguintes, a quebra de qualidade dos filmes. À abertura rápida e sistemática de novos mutiplex, sempre nas zonas densamente povoadas ou nas periferias associadas a centros comerciais de grande dimensão, segue-se a inevitável redução do número de salas quando a pouca viabilidade financeira se começa a fazer sentir pela concorrência para um menor número de espectadores disponíveis. Os primeiros sinais mais significativos estarão no anúncio da saída de Portugal da cadeia AMC, grande multinacional americana, o que poderá pôr em causa as 20 salas do AMC – Arrábida Shopping. Se serão encerradas ou vendidas (provavelmente reforçando a concentração já existente) o futuro o dirá. Entretanto mais 21 salas cessaram a actividade, subitamente, no outlet Freeport, reduzindo drasticamente a oferta, sem prejuízo de se tratar de uma zona que dispõe de alternativas próximas. O futuro dirá se são situações pontuais ou se estarão em causa aberturas já anunciadas além da continuidade de salas já existentes. Francisco Perestrello


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