A Fundação Cardeal Kung divulgou uma nova onda de detenções de pessoas da Igreja Católica “clandestina” na China. No princípio de Agosto foram detidos pelas autoridades chinesas 8 sacerdotes e 2 seminaristas que se encontravam em retiro espiritual na província de Hebei.
Cerca de vinte veículos de polícia e guardas de segurança rodearam a localidade e revistaram as casas uma a uma para deter os representantes católicos, afirma a instituição de defesa da liberdade religiosa com sede em Connecticut (EUA).
Nesta acção policial foram detidos o Padre Huo Junlong e o Padre Zhang Zhenqian da Diocese de Baoding, bem como o Padre Huang, pároco de Sujiazhuang. As identidades dos outros detidos ainda não são conhecidas.
Os sacerdotes e os seminaristas estarão agora detidos na prisão de Baoding, a 130 quilómetros de Pequim. As autoridades locais não confirmaram a prisão.
Nove dos dez presos pertencem à diocese de Baoding. O bispo clandestino da diocese, Su Zhi-Ming, foi preso pelo governo chinês há quase sete anos, em 8 de outubro 1997, informa a Fundação.
Desde então, acrescenta, só foi visto n uma ocasião, a 15 de Novembro de 2003, quando foi internado no hospital de Baoding. Uma vez descoberto, foi levado a outro local sem deixar pistas. Não se sabe se está vivo ou morto.
A província de Hebei fica situada a sudoeste de Pequim e tem a maior comunidade católica da China: cerca de 1,5 milhões de crentes. A Diocese de Baoding tem uma das maiores comunidades católicas “clandestinas” do país.
Desde 1997 as autoridades têm vindo a perseguir elementos do clero e os fiéis cristãos, por estes não reconhecerem a autoridade da Associação Patriótica Católica Chinesa, controlada pelo Partido Comunista Chinês. Recentemente 3 bispos foram detidos e sujeitos a interrogatórios, procurando convencer os prelados a aderir a esta associação.
A tortura e violência contra prisioneiros é frequente na China. Segundo informações da seita religiosa Falun Gong, pelo menos 884 dos seus membros morreu na prisão devido a torturas, envenenamentos, espancamentos e estranhas quedas de edifícios.
O Ministério da Segurança Pública chinês anunciou recentemente que a partir de Outubro entrarão em vigor novos regulamentos para os interrogatórios realizados nas prisões. Segundo este organismo, os novos regulamentos visam “proteger os direitos legais dos detidos”, responsabilizando os agentes policiais por “abusos de poder” e por “alegados suicídios durante o tempo de detenção”, fixando ainda regras para os interrogatórios.