Vaticano

Igreja acompanha momentos finais do Papa

Agência Ecclesia
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O Vaticano não esconde que João Paulo II vive os momentos finais, explicando que o Papa se encontra em condições “gravíssimas†e começa a entrar num estado de perda de consciência. De acordo com o último comunicado disponível, as condições gerais cardio-respiratórias e do metabolismo “permanecem substancialmente inalteradas e são, por isso, gravíssimasâ€. Desde o amanhecer deste sábado, o Papa começou a ter perdas de consciência, embora o porta-voz do Vaticano negue o estado de coma noticiado por várias agências internacionais. “Desde o começo da manhã de hoje foi observado um compromisso inicial do estado de consciênciaâ€, disse Navarro-Valls, explicando que o Papa parece “estar a dormir†e que “não está tecnicamente em estado de comaâ€. Milhares de fiéis acompanham o evoluir da situação na Praça de São Pedro, diante da janela dos aposentos de João Paulo II, cujas luzes se mantiveram acesa durante toda a noite. A noite passada foi marcada pelo silêncio e o recolhimento, num local marcado por milhares de intervenções, muitas das quais históricas, e por momentos de grande intimidade entre o Papa e os peregrinos, ao longo destes 26 anos e meio de Pontificado. Desta vez o Papa não apareceu, mas esteve presente nas orações de todos: no início da noite, a oração dos mistérios luminosos do rosário (mistérios que o Papa João Paulo II introduziu nesta oração mariana) começavam com a certeza de que se abeirava do fim a história de uma grande vida - “esta tarde ou esta noite, Cristo abre as portas ao Papaâ€, disse D. Ângelo Comastri, vigário de João Paulo II para a Cidade do Vaticano. Antes, ao fim da tarde, e naquela que é a Catedral do Papa em Roma, a Basílica de S. João de Latrão, o Cardeal Camillo Ruini presidiu a uma Eucaristia por aquele que chamou grande pai, irmão e amigo “que sempre nos leva no seu coração e a quem também nós levamos no nossoâ€. Durante a homilia, referiu-se ao Papa como aquele que “já vê e toca o Senhor, já está unido ao nosso único Salvadorâ€. Centenas de milhares de fiéis de todas as partes do mundo são esperados pelas autoridades de Roma ao longo do fim-de-semana. A peregrinação à Praça de São Pedro para a passagem derradeira do Papa recomeçou logo ao início da manhã, enquanto que na Basílica de São Pedro centenas de pessoas fazem fila nas portas. A inquietude provocada pelo comunicado da tarde de sexta-feira fez com que perto da meia-noite se juntassem na Praça de São Pedro e imediações mais de 70.000 pessoas, que se foram dispersando, até permanecerem umas centenas. Os que continuaram em vigília são, na sua maioria, os conhecidos popularmente como "Papa boys", grupos de jovens que seguem habitualmente João Paulo II nas Jornadas Mundiais da Juventude. Num momento da noite, colocaram velas no chão formando a palavra "Contigo", enquanto dedicavam ao Papa cânticos e orações. Últimas palavras Esta dedicação dos jovens foi reconhecida pelo Papa nas últimas palavras por ele proferidas. De acordo com Navarro-Valls, ontem à tarde João Paulo II pronunciou com dificuldade a seguinte frase: “procurei-vos e vós viestes, agradeço-vosâ€, referindo-se, “provavelmente†aos jovens, dos quais as pessoas que estavam no apartamento papal estavam a falar. Os católicos de todo o mundo esperam ansiosamente pelo evoluir da situação, dado que a fibra do Papa parece estar a surpreender mesmo os médicos. Várias figuras da Santa Sé, contudo, têm preparado os fiéis para o cenário da morte de João Paulo II, após o progressivo agravamento do seu estado de saúde. O Decano do colégio dos Cardeais, D. Joseph Ratzinger, revelou à agência católica italiana SIR que “João Paulo II está consciente de que vai passara para o Senhorâ€. “Fui recebido pelo Papa, com outros colaboradores próximos, e deu-me uma última saudação, agradecendo pelo trabalho desenvolvido nestes últimos anosâ€, relatou o prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, um dos poucos que ontem entrou no quarto do Papa.

João Paulo II