Vaticano

Igreja disposta a mediar negociações com a ETA

Octávio Carmo
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Á Conferência Episcopal Espanhola (CEE) manifestou hoje a disponibilidade da Igreja Católica para servir de mediadora em eventuais negociações do governo espanhol com a ETA. Após o anúncio do cessar-fogo permanente da organização terrorista basca, na semana passada, “a Igreja, que participa nas esperanças e tribulações da sociedade, manifesta a sua disponibilidade para contribuir na medida das suas possibilidades”, explicou D. Ricardo Blázquez, presidente da CEE e Bispo de Bilbau. No discurso de abertura do plenário dos Bispos espanhóis, D. Blázquez lembrou que a decisão da ETA provocou um misto de reacções: “alívio, alegria, prudência, cautela, responsabilidade e, sobretudo, esperança”. Recordando que as tentativas anteriores de negociação “não chegaram ao desejado fim da violência e da própria organização”, o presidente da CEE pede “a unidade dos governantes e representantes políticos, a colaboração da sociedade e trabalho paciente” para chegar à paz. D. Ricardo Blázquez deixou ainda uma palavra especial para as vítimas da ETA, “testemunhas da violência”, que devem lembrar a toda a sociedade “a transcendência do desafio que esta nova situação nos coloca”. A 86ª assembleia plenária da CEE, que se prolonga até ao próximo dia 31 de Março, vai analisar ainda outros temas, em especial a nova lei em matéria de técnicas de reprodução assistida. Em Fevereiro deste ano, o comité executivo da CEE manifestou a sua oposição ao projecto de regulamentação da procriação medicamente assistida no país, considerando que essa lei vai abrir as portas às “crianças clonadas”. Numa nota oficial, os Bispos pediram aos deputados católicos que não apoiem “com o seu voto” esta reforma legislativa. O documento enumera os aspectos mais problemáticos da lei, “que passará à história como uma das primeiras do mundo que dá autorização para clonar seres humanos”. A CEE alerta, ainda, que a utilização de embriões como material de investigação abre as portas para “a comercialização, tráfico e uso industrial dos embriões humanos excedentários das técnicas de reprodução”.


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