Missionária em Angola desde 1994, enfermeira, a Irmã Carmelita Vasconcelos sente como poucos o pulsar de uma comunidade que não descurou a vivência espiritual, apesar da guerra e das suas consequências na actualidade. A adesão à causa do Evangelho é cada vez mais promissora e interpelante, em comparação com a realidade ocidental.
A vida apostólica da Irmã Carmelita Vasconcelos, nos arredores de Luanda, desenvolve-se hoje num centro paroquial dedicado à catequese; na assistência aos cuidados de saúde e em muitas outras actividades reclamadas como necessárias pela população que já considera como uma verdadeira família. “Chamam-nos de irmã, mãe, professora...; somos tudo para todos, onde é mais necessário. O país vive agora em paz, mas a tarefa da reconstrução ainda é dolorosa, existem muitas crianças desamparadas, na rua, e carências a vários níveis”, começou por dizer ao Jornal da Madeira a Irmã Carmelita, natural do Porto Santo e que no passado mês de Julho celebrou, no Funchal, os seus 25 anos de religiosa consagrada na Congregação Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias.
Apesar das circunstâncias adversas, a população angolana manifesta elevado espírito comunitário e paroquial, como testemunha o Centro de Catequese dinamizado pelas Irmãs: “Só este ano, até ao momento, já tivemos 110 baptismos, 50 crismas e muitas primeiras comunhões.
Nota-se que aquele povo sofreu bastante, está cansado, mas continua a ter sede do espiritual. Perdeu muitos valores com a guerra, mas neste momento a Igreja está a crescer com especial presença da juventude; no Centro, por exemplo, há 42 catequistas, todos jovens. É gratificante”, sublinha.
Centro polivalente para formação
Para além do apoio à Catequese e às crianças da rua projectam-se outros actividades apostólicas que passam pela construção de salas polivalentes para os jovens e para a formação feminina: “ neste momento temos um espaço para construir salas polivalentes, mas ainda faltam verbas; todos os meses o povo faz um ofertório, mas não chega, e as ajudas em geral são poucas. As necessidades são sempre muitas. Escasseiam as infra-estruturas escolares na zona. Lá, a escola pode existir debaixo de uma árvore, onde as crianças trazem o banco de casa ou uma parede serve de quadro.
Os jovens, por outro lado, quando saem do orfanato aos 18 anos, vêm pedir apoio para uma vida independente, e tentamos também ajudá-los numa vida nova. A mesma situação se apresenta aos que querem continuar estudos superiores, em medicina ou na área da saúde”, explica a Irmã Carmelita Vasconcelos, cuja vocação missionária começou bem cedo, “desde pequena..., tinha uma tia religiosa em Moçambique que mandava postais e dava notícias, o que despertou em mim esta vocação para as missões.”
Nossa Senhora da Nazaré
Uma procissão em homenagem a Nossa Senhora da Nazaré é promovida neste domingo na capital de Angola, Luanda, com vista a saudar o 341º aniversário da respectiva igreja, que está localizada no município da Ingombota, segundo informa “Angola Press”.
A procissão católica decorrerá frente ao Porto de Luanda e culminará com uma Missa, onde 150 pessoas receberão o sacramento da Confirmação (crisma), de acordo com o pároco de Nossa Senhora da Nazaré, Rufino Tchitué.
«O sacramento do crisma significa o lançamento de pessoas para dar testemunho da mensagem de Jesus Cristo ao mundo inteiro», disse o religioso, acrescentando que a missa será presidida pelo bispo auxiliar de Luanda, D. Anastácio Cahango. Nesta procissão, referiu ainda, “os cristãos irão transportar uma imagem de Nossa Senhora de forma a manifestar claramente o respeito e devoção que têm por ela.”
Revelou que muitos crentes acorrem a esta Igreja de Nossa Senhora da Nazaré para pedir a intervenção de Maria na vida quotidiana. «Muitas pessoas aparecem com problemas familiares, de saúde e por intercessão da Nossa Senhora têm sido resolvidos todos os problemas apresentados», frisou o pároco.
A Igreja de Nossa Senhora da Nazaré foi reconhecida pelo Governo angolano como um monumento nacional. Este reconhecimento vem desde a era colonial, que terminou a 11 de Novembro de 1975, com a proclamação da independência do país.
A devoção mariana, no entanto, tem séculos de vivência e continua a exprimir-se na actualidade com a participação de crentes de todas as idades. Hoje, 11 de Setembro, é a data para a sua celebração.