A Igreja Católica está a lutar, junto do Parlamento Europeu e da Comissão Europeia, para que a União Europeia assuma uma posição sobre os casos de tráfico de crianças e órgãos humanos, em Nampula, trazidos a público pelos missionários católicos.
A Comissão Europeia já classificou as situações denunciadas pela Igreja Católica local como “hediondos crimes relacionados com o tráfico de órgãos humanos, especialmente de crianças”.
A Comissão confirma que há alguns contactos já estabelecidos com o Procurador-geral da República a respeito dos referidos crimes, mas avança que este “não manifestou a necessidade de assistência suplementar da Comissão ou de qualquer outro doador”.
A Assembleia plenária do Parlamento Europeu, a decorrer na próxima semana, deverá incluir uma discussão sobre este tema.
O “lobby” insititucional está presente na Internet. Toda a documentação e as notícias que vai saindo a respeito dos casos de tráfico estão a ser publicadas na página Web meninosdenampula.com, da responsabilidade do Centro Espiritano Europeu de Cooperação para o Desenvolvimento (CSECD), uma organização especializada na temática dos direitos humanos. O CSECD está em ligação com os religiosos e religiosas presentes em Moçambique e o próprio arcebispo de Nanmpula.
“Esta página Web pretende, antes de mais, ser uma homenagem aos meninos de Nampula que já foram vítimas ou cuja vida está sendo ameaçada por gente sem escrúpulos e sem qualquer humanidade”, pode ler-se na nota de abertura.
“Desde que se escreveu pela primeira vez nestes casos, comecei a enviar documentação para algumas pessoas que estão mais directamente implicadas neste Dossier. Para facilitar a vida de todos, acabámos por criar esta página”, explica à agência ECCLESIA o Pe. Firmino Cachada.
A decisão de publicitar a página foi recente, embora este missionário Espiritano continue a vincar que “não se pretende tomar nenhuma posição sobre a matéria”.
“O importante é que a verdade se estabeleça, justiça seja feita e os meninos de Nampula possam de novo viver, estudar, brincar e correr em liberdade, como todos os outros meninos de África e do mundo”, assegura.
“Há crime, mas não há criminosos”, lamenta.
Espera-se que o Primeiro-ministro português, que amanhã começa uma visita oficial a Moçambique, possa exercer pressão junto do Governo de Maputo para que todos os casos sejam esclarecidos até às últimas consequências.
Neste momento, já há alguns países a ameaçarem o Governo moçambicano com cortes nas iniciativas de cooperação se a investigação sobre estes casos não for credível.