Vaticano

Igreja não está à deriva

Octávio Carmo
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A Via-Sacra pessoal de João Paulo II, visível no seu sofrimento e no silêncio que marcaram as celebrações da Semana Santa e da Páscoa, tem sido encarada por muitos analistas e especialistas como um factor de crise que está a afectar seriamente a Igreja. Ninguém pode ficar indiferente, de facto, à imagem do Papa à janela dos seus aposentos, na Praça de São Pedro, tentando falar para a bênção "Urbi et Orbi" sem o conseguir. João Paulo II está muito diminuído pelos seus problemas de saúde e parece recuperar mal da traqueotomia, mas a Igreja não está à deriva por causa deste sofrimento, como fazem questão de vincar vários responsáveis. “Muitas vezes a Igreja parece um barco prestes a afundar-se, um barco que mete água por todos os lados. E mesmo na tua seara vemos mais cizânia do que grão. (...) Salva e santifica a tua Igreja, salva e santifica cada um de nós”, rezava o Cardeal Ratzinger na meditação da Via-Sacra de Sexta-feira Santa. O tema central da Via-Sacra foi a afirmação de Jesus logo a seguir à sua entrada em Jerusalém, como resposta à súplica de alguns Gregos que queriam vê-lo: “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto” (Jo 12, 24). Neste contexto, cheio de significado, o Papa reafirmou em mensagem a sua proximidade “com todos os que sofrem”. “Ofereço também os meus sofrimentos, para que o desígnio de Deus se cumpra e para que a sua palavra faça o seu caminho através dos homens”, assegura.


João Paulo II