Vaticano

Iraque: Rescaldo revela a dimensão da tragédia

Fundação AIS
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O rescaldo dos atentados bombistas contra igrejas cristãs revelou a verdadeira dimensão de uma tragédia, cujo número de vítimas mortais ascendeu à meia centena. Segundo apurou a Ajuda à Igreja que Sofre, os extremistas islâmicos teriam planeado um ataque em maior escala, uma vez que foram descobertos explosivos por deflagrar no interior e nas imediações das igrejas. Em entrevista à secção inglesa da “Ajuda à Igreja que Sofre”, o Bispo Auxiliar do Patriarcado de Bagdade, D. Andraos Abouna, afirmou que este acto terrorista “atingiu o coração do Cristianismo no Iraque” e que a situação “é muito pior do que se pensava”. No primeiro ataque concertado contra os cristãos iraquianos, os terroristas levaram a cabo vários ataques suicidas contra igrejas cristãs em Bagdade e Mossul, recorrendo a carros armadilhados, bombas-relógio e morteiros. Segundo as informações recolhidas por D. Andraos Abouna, os atentados terroristas contra igrejas cristãs fizeram 50 mortos e mais de 200 feridos. Em apenas uma das igrejas atingidas - a Igreja de S. Elias no centro de Bagdade - o Padre Bashir Warda contou mais de 20 paroquianos mortos. Os seus carros explodiram enquanto tentavam fugir do local. No bairro de Dora, na capital iraquiana, metade do Seminário de São Pedro ruiu após as explosões que só não provocaram vítimas porque os estudantes do seminário se encontravam de férias. Os sacerdotes iraquianos têm descoberto explosivos nas imediações e no interior das próprias igrejas que não chegaram a deflagrar, como aconteceu na Igreja de S. Elias, onde o Padre Bashir Warda encontrou uma grande caixa de explosivos junto à igreja. A equipa de segurança chefiada pelos Estados Unidos conseguiu ainda frustrar atentados suicidas contra outras igrejas, para além das que foram atingidas. No último Domingo, após a missa da tarde, os cristãos iraquianos estavam a sair das igrejas quando foram apanhados de surpresa pelo ataque dos extremistas islâmicos. Comandos suicidas conduziram carros armadilhados até junto de 8 edifícios religiosos em Bagdade e Mossul detonando depois as cargas explosivas que transportavam, matando os fiéis que se concentravam junto das portas das igrejas. D. Andraos Abouna recebeu ontem um telefonema do Padre Bashir Warda que a chorar lhe relatou como um rapaz da sua paróquia morreu ao tentar evitar que um terrorista suicida entrasse na igreja. O rapaz foi informado do ataque e correu para a Igreja de S. Elias a avisar o sacerdote. O pároco interrompeu a missa e pediu aos fiéis para sair da igreja. Em resposta o terrorista fez explodir o carro armadilhado no pátio da igreja, matando, entre várias pessoas, o rapaz. “A sua bravura salvou, sem dúvida, muitas vidas. Mas ao fazê-lo foi morto e hoje é o seu funeral”, lamentou D. Andraos Abouna. “É como nos tempos em que os cristãos eram perseguidos”, referiu o Bispo Auxiliar do Patriarcado Caldeu de Bagdade. “Precisamos de contar o que se passou a muitas pessoas no Ocidente para que possamos dizer às pessoas no Iraque que não foram esquecidas”, pediu o prelado. O Patriarca de Bagdade, Emmanuel III Delly, esteve ontem reunido com o Presidente e o Primeiro-Ministro iraquianos, pedindo que o executivo tomasse medidas para capturar os terroristas.


Guerra do Iraque