Vaticano

«Jesus de Nazaré»: Papa recebeu versão portuguesa do seu livro

Agência Ecclesia
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Obra vai ser apresentada no Vaticano a 10 de Março e a primeira tiragem é de 1,2 milhões de exemplares em sete línguas

Cidade do Vaticano, 09 Mar (Ecclesia)  - Bento XVI recebeu hoje, no Vaticano, a edição portuguesa do seu novo livro, «Jesus de Nazaré. Da Entrada em Jerusalém até à Ressurreição», que vai ser lançado esta quinta-feira.

A obra foi entregue por Henrique Mota, director da Principia Editora, recebido em audiência privada juntamente com os responsáveis pelas edições nas outras seis línguas em que o livro será editado, inicialmente, numa tiragem de 1,2 milhões de exemplares: alemão, italiano, inglês, espanhol, francês e polaco.

Neste momento, estão vendidos os direitos da obra para mais de duas dezenas de línguas.

A segunda parte de «Jesus de Nazaré» vai ser apresentada no Vaticano, em conferência de imprensa, com a presença do cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos, e de Claudio Magris, escritor e germanista.

A obra, em nove capítulos, é dedicada aos momentos que precederam a morte de Jesus e a sua ressurreição, mostrando, segundo o Papa, as palavras e acontecimentos decisivos da vida de Cristo.

Como fizera em 2007, na primeira parte de «Jesus de Nazaré», Joseph Ratzinger centra-se na figura de Cristo que é apresentada pelos Evangelhos canónicos (Marcos, Mateus, Lucas e João), considerando estes livros como as principais fontes credíveis para chegar ao verdadeiro Jesus.

Na última quarta-feira, a Agência ECCLESIA apresentou partes desta obra, centrada na «Paixão» de Jesus que, para o Papa, é uma “imagem de esperança”, porque “Deus está do lado dos que sofrem”.

“Em Jesus aparece o ser humano como tal. Nele se manifesta a miséria de todos os prejudicados e arruinados. Na sua miséria, reflecte-se a desumanidade do poder humano, que assim esmaga o impotente”, pode ler-se.

O novo volume defende que a condenação de Cristo à morte não pode ser imputada aos judeus, mas à «aristocracia do templo» de Jerusalém, no século I.

“No quarto Evangelho (segundo S. João, ndr), o círculo dos acusadores que pretendem a morte de Jesus é descrito com precisão e claramente limitado: trata-se precisamente da aristocracia do templo” de Jerusalém, escreve.

Bento XVI considera que o julgamento que levou à morte de Cristo foi político e condena a ambiguidade do governador romano, Pôncio Pilatos.

“Depois do interrogatório, ficou claro para Pilatos aquilo que, em princípio, ele já sabia antes: aquele Jesus não era um revolucionário político, a sua mensagem e o seu comportamento não constituíam um perigo para a dominação romana”, assinala o Papa.

Ainda neste contextos, pode ler-se que a política deve assumir a verdade como “categoria para a sua estrutura”, evitando a “mentira ideológica”.

“Não deve porventura haver critérios comuns que garantam verdadeiramente a justiça para todos, critérios esses subtraídos à arbitrariedade das opiniões mutáveis e à concentração do poder?”, questiona Bento XVI.

O novo livro classifica o discípulo Judas como um “traidor”, afirmando que essa traição continua na história da Igreja.

“Com a traição de Judas, não terminou o sofrimento pela deslealdade”, escreve o Papa, para quem “a ruptura da amizade chega mesmo à comunidade sacramental da Igreja, onde há sempre de novo pessoas que partilham «o seu pão»” e atraiçoam Jesus.

Toda a obra começou a ser elaborada nas férias de 2003, antes da eleição de Joseph Ratzinger como Papa.

OC



Bento XVI