JMJ: Francisco falou aos jovens descrentes
Papa pediu respostas aos problemas da droga, violência, fome, perseguição religiosa e racismo à luz da cruz de Jesus
Rio de Janeiro, Brasil, 26 jul 2013 (Ecclesia) – O Papa Francisco falou hoje na cidade brasileira do Rio de Janeiro aos jovens que se afastaram da Igreja e protestam contra os políticos, pedindo soluções para problemas como a droga, violência, fome, perseguição religiosa ou o racismo.
“Jesus está junto de tantos jovens que perderam a confiança nas instituições políticas, por verem egoísmo e corrupção, ou que perderam a fé na Igreja, e mesmo em Deus, pela incoerência dos cristãos e dos ministros do Evangelho”, disse o Papa, no final da via-sacra a que presidiu na Praia de Copacabana, perante centenas de milhares de participantes na Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
“Quanto fazem sofrer Jesus as nossas incoerências”, lamentou.
A intervenção recordou as “vítimas da violência” e as pessoas que passam fome “num mundo que todos os dias se dá ao luxo de deitar fora toneladas de comida”.
“Jesus une-se a quem é perseguido pela religião, pelas suas ideias, ou simplesmente pela cor da pele”, acrescentou Francisco, após lembrar as “famílias que passam por dificuldades, que choram a perda dos seus filhos".
Neste contexto, o Papa pediu um momento de oração pelos jovens vítimas da tragédia na cidade de Santa Maria, Brasil, onde um incêndio provocou 242 mortes a 27 de janeiro deste ano.
Francisco recordou também os pais e mães que sofrem ao ver os seus filhos "vítimas de paraísos artificiais como a droga”.
“Jesus com a sua cruz atravessa as nossas ruas e carrega os nossos medos, os nossos problemas, os nossos sofrimentos, mesmo os mais profundos”, acrescentou, alternando entre o português e o espanhol.
Segundo o Papa, a experiência da cruz de Jesus toca “os mais variados mundos da existência humana” e as “situações de vida de tantos jovens que a viram e carregaram”.
“Ninguém pode tocar a Cruz de Jesus sem deixar algo de si mesmo nela e sem trazer algo da Cruz de Jesus para sua própria vida”, referiu.
Francisco apelou à confiança na “certeza do amor inabalável de Deus”, à luz do qual “o sofrimento e a morte não têm a última palavra”.
“A Cruz de Cristo também nos convida a deixar-nos contagiar por este amor; ensina-nos, pois, a olhar sempre para o outro com misericórdia e amor, sobretudo quem sofre, quem tem necessidade de ajuda, quem espera uma palavra, um gesto”, observou.
O Papa evocou a chegada dos portugueses ao Brasil e disse que “a Cruz de Cristo foi plantada não só na praia, há mais de cinco séculos, mas também na história, no coração e na vida do povo brasileiro”.
“Queridos jovens, levamos as nossas alegrias, os nossos sofrimentos, os nossos fracassos para a cruz de Cristo; encontraremos um coração aberto que nos compreende, perdoa, ama e pede para levar este mesmo amor para a nossa vida, para amar cada irmão e irmã com este mesmo amor”, concluiu.
As 14 estações da via-sacra foram encenadas na Avenida Atlântica, ao longo de cerca de um quilómetro, até ao palco onde se encontrava o Papa.
Cada momento evocativo do julgamento e execução de Jesus foi representado por atores e voluntários, com referências aos sofrimentos e questões existências dos jovens de hoje.
Durante o evento, algumas centenas de manifestantes protestaram sob o mote ‘Papa, veja como somos tratados’ em ruas próximas, tendo chegao junto à área reservada a imprensa, em Copacabana..
Os protestos visavam os políticos brasileiros e, nalguns casos, os gastos públicos com a realização da JMJ e da visita de Francisco.
OC
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