João Paulo II exortou os Bispos de França a incitar os seus fiéis a investir na vida política e social do país, assumindo abertamente a sua condição de católicos, numa carta sobre o laicismo em França, agora que a lei separação entre Estado e Igreja de 1905 celebra o seu centenário.
“Engana-se quem pensa que a referência pública à fé atenta contra a justa autonomia do Estado e das instituições civis, ou pode encorajar atitudes de intolerância”, assinala.
“Que ninguém tenha medo da acção religiosa de pessoas e grupos sociais! Vivida no respeito pela sã laicidade, ela não será senão uma fonte de dinamismo e promoção do homem”, escreve na carta datada de 11 de Fevereiro e endereçada a D. Jean-Pierre Ricard, presidente da Conferência Episcopal Francesa.
“Encorajo os católicos franceses a estarem presentes em todos os domínios da sociedade civil, nos bairros das grandes cidades como nos espaços rurais; assim como no mundo da economia, da cultura, das artes e da política; nas obras caritativas, como no sistema educativo, sanitário e social – num diálogo sereno e respeitoso com todos”, acrescenta.
João Paulo II frisa que a sociedade deve admitir que as pessoas, no respeito pelos outros e pelas leis da República, possam afirmar a sua pertença religiosa.
“Em nome da sua fé, os cristãos devem poder tomar publicamente a palavra (…); e é assim que a laicidade, longe de ser um lugar de confronto, é verdadeiramente espaço para o diálogo construtivo”, conclui.