Vaticano

João Paulo II pede sacerdotes disponíveis para todos

Octávio Carmo
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«Fórmula de vida» apresentada na Carta que o Papa escreve aos sacerdotes por ocasião da Quinta-feira Santa de 2005

João Paulo II espera que os padres de todo o mundo sejam pessoas disponíveis para todos e que, “não obstante o passar dos anos, continuem a irradiar juventude, de certo modo «contagiando» com ela as pessoas que encontram no seu caminho”. “Um sacerdote «conquistado» por Cristo (cf. Fil 3, 12) pode mais facilmente «conquistar» outros para a opção de fazerem a mesma aventura”, assegura. Na Carta que o Papa escreve aos sacerdotes por ocasião da Quinta-feira Santa de 2005, sublinha-se que o amor a Cristo deve ser vivido “até ao fim” por todos aqueles que se consagram a ele pelo sacerdócio. João Paulo II diz mesmo que o segredo do sacerdote “está na «paixão» que sente por Cristo”. “Sobretudo no contexto da nova evangelização, as pessoas têm direito de dirigir-se aos sacerdotes com a esperança de «ver» Cristo neles (cf. Jo 12, 21). Sentem necessidade disso particularmente os jovens, que Cristo continua a chamar a Si para fazer deles seus amigos e propor a alguns a doação total à causa do Reino”, acrescenta. João Paulo II lembra que os sacerdotes vivem hoje “num tempo de rápidas mudanças culturais e sociais que afrouxam o sentimento da tradição e deixam, sobretudo as novas gerações, expostas ao risco de perderem a ligação com as próprias raízes”. “O sacerdote é chamado a ser, na comunidade que lhe está confiada, o homem com a memória fiel de Cristo e de todo o seu mistério: a sua prefiguração no Antigo Testamento, a sua realização no Novo, o seu aprofundamento progressivo sob a guia do Espírito”, declara. A carta é uma tradição que João Paulo II respeita há 24 anos e a de 2005 traz a data de 13 de Março, quando o Papa ainda estava hospitalizado. O texto, de 4 páginas dactilografadas, apresenta uma reflexão baseada nas palavras da palavras da instituição da Eucaristia, que a Carta apresenta como uma «fórmula de vida». “O sacerdote deve aprender a dizer, com verdade e generosidade, também de si próprio: «tomai e comei». De facto, a sua vida tem sentido, se ele souber fazer-se dom, colocando-se à disposição da comunidade e ao serviço de qualquer pessoa que passe necessidade”, explica. O Papa espera que a doação dos padres de todo o mundo chegue ao ponto em que estes sejam capazes de renunciar “a legítimos espaços de liberdade quando se trata de aderir a um autorizado discernimento dos Bispos”. Outro alerta destaca uma dimensão mais interior: “só vivendo como salvados é que nos tornamos arautos credíveis da salvação”. Inserida no Ano da Eucaristia, que a Igreja celebra por determinação de João Paulo II, a Carta frisa que “nós, sacerdotes, somos os celebrantes, mas também os guardiões deste sacrossanto Mistério”. “Permanecer diante de Jesus Eucaristia, valer-se, em certo sentido, das nossas «solidões» para enchê-las desta Presença, significa conferir à nossa consagração todo o calor da intimidade com Cristo, donde recebe alegria e sentido a nossa vida”, assegura. A Carta conclui com uma invocação a Maria: “ninguém pode, como Ela, ensinar-nos com quanto fervor devemos celebrar os santos Mistérios e determo-nos em companhia do seu Filho escondido sob as espécies eucarísticas”. Notícias relacionadas • Carta do Santo Padre João Paulo II aos sacerdotes por ocasião da Quinta-feira Santa de 2005


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