Vaticano

Lei da laicidade divide a França

Octávio Carmo
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O exame do projecto de lei sobre o uso de símbolos religiosos na escola pública, em França, começou na tarde de hoje no Parlamento francês. Mais de 144 oradores estão inscritos para um debate que apaixona e divide o país e os seus políticos há meses. O projecto de lei será apresentado pelo próprio primeiro-ministro, Jean-Pierre Raffarin, e a votação está agendada para o próximo dia 10, terça-feira. O número de oradores significa 25 horas de debate, para uma discussão geral completamente fora do vulgar, porque todos os que desejarem exprimir-se dispõem de 10 minutos. A elaboração dos três artigos do texto já motivou grande polémica e em várias cidades da França os partidários e contestatários do uso do véu islâmico nas escolas saíram à rua em manifestações. A própria Igreja Católica já contestou o regresso da “laicidade de combate” e alertou para a possibilidade de uma “guerra religiosa” na sociedade francesa. Redigido pelo ministro da Educação, Luc Ferry, o texto propõe a interdição dos "sinais e vestes que manifestem ostensivamente a pertençareligiosa dos alunos". Para além do véu islâmico, estão em causa a "kippa" judaica e as cruzes cristãs de grandes dimensões. Mesmo João Paulo II, no passado dia 12 de Janeiro, assumiu o incómodo provocado na Igreja Católica por algumas “atitudes de alguns países da Europa”, que o Papa acusa de colocarem em perigo o respeito efectivo pela liberdade religiosa, na medida em que negam à religião a sua “dimensão social”. Notícias relacionadas • Governo francês aprova lei sobre a laicidade • Arcebispo de Paris critica nova lei da laicidade • Bispos franceses recebem com agrado palavras do Papa sobre a laicidade na Europa


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