Bispos católicos duvidam que a lei resolva o problema
Os deputados franceses aprovaram ontem, por uma larga maioria, a lei que interdita o uso do véu islâmico e outros símbolos religiosos nas escolas públicas, um diploma que o Governo de Paris diz acreditar que irá afastar das salas de aula as tensões crescentes entre muçulmanos e judeus.
A primeira reacção da Conferência Episcopal Francesa (CEF) foi a de lembrar as reservas sobre a eficácia desta lei para resolver o problema. Marie-Caroline de Marliave, directora de comunicação da CEF, refere que “as dúvidas continuam, mas pelo menos foi possível que a formulação da lei levasse em linha de conta as inquietações dos bispos, no que diz respeito à liberdade religiosa”.
O projecto, considerado "islamofóbico" por alguns sectores da sociedade francesa e de vários países muçulmanos e cristãos, foi aprovado por 494 votos a favor e 36 contra, graças ao acordo prévio estabelecido entre o partido de Jacques Chirac, a União por um Movimento Popular (UMP), e o Partido Socialista.
O Sheik Munir, Imã da mesquita de Lisboa, disse à RR que não acredita que a aprovação da lei seja encarada “de forma pacífica”, pela comunidade muçulmana naquele país.
Outra opinião é do padre Peter Stillwell, director da Faculdade de Teologia da Universidade Católica, que considera que a lei aprovada “defende a liberdade do Estado à custa da liberdade religiosa”.
O Governo francês pretende que a nova lei seja já aplicada em Setembro, quando começar o novo ano lectivo, nas escolas públicas do ensino secundário e primário. Até lá, o diploma ainda terá que ser adoptado pelo Senado, onde o partido da UMP tem uma larga maioria.