Uma enorme multidão encheu as ruas de Beirute, respondendo a um apelo da oposição anti-síria. Cristãos, drusos, sunitas e xiitas pediram que fosse apurada a verdade sobre o assassínio do antigo primeiro-ministro Rafic Hariri e entoaram cânticos de apoio à “independência, liberdade e soberania”. Os partidos cristãos rejeitam a formação de um executivo pró-sírio.
O Líbano viveu esta segunda-feira, durante todo o dia, a sua maior manifestação de sempre que juntou cerca de 1,5 milhões de pessoas nas ruas de Beirute. Para os representantes dos cristãos evangélicos libaneses, entrevistados pelo jornal Christianity Today, este protesto, mais do que um explícito compromisso da oposição contra a Síria, foi “um pronunciamento a favor da importância de liberdade, da democracia e da preservação da liberdade religiosa no país”.
A contestação à Síria e ao poder político libanês tem vindo a aumentar após a morte a 14 de Fevereiro do antigo primeiro-ministro, Rafic Hariri, num violento atentado bombista. A oposição acusou os serviços secretos e o Governo sírio de terem responsabilidades neste atentado, que está actualmente a ser investigado por uma comissão de inquérito da ONU.
O primeiro-ministro indigitado, Omar Karami – visto como pró-sírio pela oposição – vai consultar os grupos parlamentares libaneses para tentar formar um novo executivo, após ter sido forçado a demitir-se na sequência de manifestações populares que exigiram a retirada das tropas sírias do Líbano. No início de Março, Karami foi reconduzido no cargo pelo Presidente Émile Lahoud, mas continua a ser alvo de grande contestação pelas forças de oposição que já anunciaram que não irão apoiar o novo Governo, caso não seja garantida a formação de um executivo “imparcial” e se os responsáveis dos serviços secretos se mantenham em funções.
Os partidos cristãos e sunitas consideram que a recondução no cargo de Karami corresponde a “um segundo assassinato de Rafic Hariri” e anunciaram recentemente que não vão participar na formação do novo executivo.
No início de Março, os bispos maronitas e melquitas do Líbano apelaram à formação de um Governo de unidade nacional que conduzisse o país até às próximas eleições legislativas, que estão marcadas para o mês de Maio. Os prelados libaneses apoiaram a chegada da equipa de investigação da ONU para investigar o atentado de 14 de Fevereiro.
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