Vaticano

Médicos adiam alta do Papa

Octávio Carmo
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Regresso ao Vaticano previsto para a Semana Santa

Os médicos travaram a vontade de João Paulo II em regressar ao Vaticano “o mais rapidamente possível”, admitiu o porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro-Valls. “O Papa queria regressar o mais rapidamente possível, mas escuta o parecer dos médicos”, disse. O boletim clínico oficial sobre a saúde do Papa, publicado esta manhã pelo Vaticano, refere que “o Santo Padre, acolhendo o conselho dos seus médicos, irá prolongar por mais uns dias a sua estadia no Policlínico A. Gemelli, para terminar a sua convalescença, que está a decorrer normalmente”. Navarro-Valls confirmou aos jornalistas que João Paulo II “estará em casa pela Semana Santa”, que se inicia com o Domingo de Ramos, a 20 de Março, mas frisou que “isso não quer dizer que não regresse ainda mais cedo”. O director da sala de imprensa da Santa Sé sublinhou que o Papa continua a trabalhar com os seus colaboradores, que com ele se encontram diariamente. Navarro-Valls disse ainda que o próximo comunicado será publicado na segunda-feira, 14 de Março. Sobre a oração do Angelus, no próximo Domingo, foi adiantado que ela se processará como na semana passada: o arcebispo Leonardo Sandri lerá uma mensagem do Papa aos fiéis reunidos na praça de São Pedro; em seguida, o Papa virá à janela do seu quarto para saudar e abençoar os fiéis. Desde a traqueotomia de 24 de Fevereiro, João Paulo II já apareceu à janela do seu quarto por três vezes, a última das quais na quarta-feira, dia da audiência geral no Vaticano. Semana Santa Navarro-Valls reafirmou que as decisões sobre a participação de João Paulo II nas cerimónias da Semana Santa serão tomadas “a partir do momento em que o Papa reentre no Vaticano”. Apesar do optimismo reinante, João Paulo II delegou em Cardeais, seus colaboradores, a responsabilidade de presidirem às principais cerimónias da Semana Santa pela primeira vez no seu Pontificado. O calendário já divulgado pela Santa Sé refere que o Papa dará a bênção “Urbi et Orbi” no dia de Páscoa e mostra que João Paulo II ainda não renunciou a presidir à Via-Sacra no Coliseu. A agenda carregada do tempo litúrgico mais importante para a Igreja Católica começa com a celebração do Domingo de Ramos, a 20 de Março, e a bênção das palmas e dos ramos de oliveira. A celebração, na Praça de São Pedro, será presidida pelo Cardeal Camillo Ruini, vigário do Papa para a diocese de Roma. Na Quinta-feira Santa, 24 de Março, tem lugar a Missa Crismal e a bênção dos óleos, onde se reúnem os Cardeais, Bispos e Presbíteros presentes em Roma. Esta celebração terá a presidência do Cardeal Giovanni Battista Re, prefeito ca Congregação para os Bispos. O Tríduo Pascal tem início, nesse mesmo dia, com a Missa da Ceia do Senhor, pelas 17h30 locais (menos uma hora em Lisboa). A celebração será presidida pelo Cardeal Alfonso López Trujillo, presidente do Conselho Pontifício para a Família. Como é tradição, após a homilia terá lugar o rito do lava-pés a 12 presbíteros e os presentes serão convidados a contribuir para um “acto de caridade”, este ano destinado a ajudar as populações da Venezuela, atingidas por inundações devastadoras no passado mês de Fevereiro. A Sexta-feira Santa, dia em que não é celebrada a Eucaristia, é dedicada à celebração da Paixão do Senhor, pelas 17h00 (presidida pelo Cardeal James Francis Stafford, Penitenciário-Mor), e à famosa Via-Sacra no Coliseu, pelas 21h15, este ano com meditações do Cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Esta é a única celebração para a qual não foi adiantado o nome de quem irá presidir. No Sábado, pelas 20h00, tem lugar a Vigília Pascal, que será mais cedo do que o habitual nas Igrejas de todo o mundo, com a concelebração dos cardeais da Cúria Romana. A celebração será presidida pelo Cardeal Ratzinger, na condição de Decano do Colégio Cardinalício. O dia de Páscoa, 27 de Março, é marcado pela Bênção “Urbi et Orbi” (única participação confirmada de João Paulo II), concedida pelo Papa após a Missa do dia que se inicia às 10h30 (com presidência do Cardeal Angelo Sodano, Secretário de Estado do Vaticano).


João Paulo II