Vaticano

Médio Oriente: «Não são as armas dos russos nem dos americanos que vão destruir o Estado Islâmico»

Agência Ecclesia
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Patriarca sírio pede ação concertada da comunidade internacional e agradece atenção do Sínodo

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano, com Ricardo Perna, da ‘Família Cristã’

Cidade do Vaticano, 23 out 2015 (Ecclesia) – O patriarca sírio Gregório III Laham disse hoje no Vaticano que as soluções militares para o conflito na Síria são erradas e que a força do autoproclamado Estado Islâmico vem da “fraqueza” da comunidade internacional.

“Um dia são os norte-americanos que combatem, no outro são os russos, é inútil. O Estado Islâmico não é forte, só tem força por causa da nossa fraqueza: não são as bombas que o vão destruir, nem as armas dos russos ou dos americanos, mas uma aliança internacional, com força moral para combater esta ideologia”, declarou à Agência ECCLESIA o líder greco-melquita de Antioquia.

O responsável sírio, que participa no Sínodo dos Bispos, mostrou-se “reconhecido” à assembleia sinodal por se ter aprovado uma declaração de apoio aos cristãos do Médio Oriente, a qual vai ser tornada pública este sábado.

“Hoje é preciso insistir sobre a importância do Médio Oriente para o futuro de todo o mundo”, realçou.

Para D. Gregório III, a primeira “chave” para a paz na região é a busca de uma “solução consensual, com uma aliança internacional que resolva a crise na Síria, a guerra”.

“Um segundo ponto é a justiça para os palestinos, a solução do conflito israelo-palestino”, acrescentou, lamentando a “incapacidade da comunidade internacional”.

“Não é possível, é injusto que haja colonatos judaicos na Cisjordânia”, exemplificou.

A este respeito, o patriarca sírio destacou a importância de se falar a uma só voz em favor da justiça, da paz e da amizade entre os povos, contra uma “civilização do ódio”.

“É preciso uma voz comum da Igreja, com um documento do Papa que seja assinado também pelo patriarca ortodoxo (Bartolomeu I), pelos anglicanos, pelos luteranos, pelo Conselho Ecuménico das Igrejas”, defendeu.

A esta voz da Igreja, com a ajuda dos muçulmanos, deveria somar-se “uma voz comum política”.

Gregório III Laham assinala, neste contexto, a urgência de responder à atual crise dos refugiados.

“É um problema duplamente grave para nós, porque perdemos os nossos médicos, os nossos professores, os nossos académicos que são equilibrados, abertos, cristãos e muçulmanos”, observou.

O patriarca sírio entende, por outro lado, que a Europa não está preparada para “este tsunami da presença não-europeia, de cristãos que precisam de atenção pastoral, e de muçulmanos que querem preencher o vazio do laicismo”.

“Isso pode provocar islamofobia e também cristianofobia, o que levará a um choque de civilizações”, advertiu.

OC



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