Mil mulheres candidatas ao Nobel da Paz Fátima Missionária 05 de Julho de 2005, às 14:52 ... Doze das mulheres nomeadas são colombianas. Trabalham pelos direitos humanos e outras causas humanitárias num paÃs com uma realidade cruel Este ano 1000 mulheres como colectivo aspiram ao prémio Nobel da Paz, e 12 são colombianas representando propostas solidárias e importantes para a garantia dos direitos polÃticos, económicos, sociais e culturais. O jurado fez a selecção tendo em conta a contribuição para a paz desde a sua condição de indÃgenas, afro-descendentes, deslocadas, sindicalistas, académicas, defensoras dos direitos humanos e promotoras da qualidade de vida em diferentes regiões do paÃs. A 4 de Outubro o comité de Oslo dará a conhecer os resultados. As 12 candidatas colombianas A mulher indÃgena nasa é como a terra, é a que pare os filhos e os mantém, a que facilita as possibilidades de vida. Precisamente uma mulher indÃgena estava na esquina de uma mesa que juntava inteligência e força, com as outras colombianas nomeadas para o prémio Novel da Paz. Apresentaram-se a 29 de Junho no Hotel Bacatá, em Bogotá, à s 10 da manhã. À mesma hora, em diferentes lugares do planeta, outras 987 mulheres de mais de 150 paÃses, apresentavam os seus nomes numa nomeação que quer dizer ao mundo que não é uma instituição ou uma espécie de Messias, mas uma força plural e multicultural que não quer a guerra e trabalha quotidianamente pela paz. Falta uma mulher para serem mil. É o sÃmbolo de todas as que foram vulneradas nos seus direitos, representando a todas as mulheres em qualquer lugar do mundo. “Há mais de 500 anos estamos a pedir que não acabem com os nossos recursos, com a riqueza cultural e espiritual dos nossos povos, que nos deixem em pazâ€, disse Maria Beatriz Aniceto Pardo, lÃder da Associação de Cabildos Nasa Chxachxa, sÃmbolo das muitas expressões da sociedade civil que reclamam autonomia e justiça como pilares da construção da paz. Cada uma das mulheres seleccionadas pela Colômbia foi tomando a palavra. Hilda Maria Domicó BailarÃn, da etnia Katio da região do Urabá antioquenho, usou o seu idioma e depois reafirmou a sua identificação com as imagens de mulher que partilham o mesmo interesse de lutar pela qualidade de vida das mulheres. PatrÃcia Buriticá Céspedes tomou a palavra em nome das mulheres que como elas reivindicam os direitos das trabalhadoras e cada dia apostam na paz, não com conjecturas, mas com actos quotidianos e permanentes. Por seu lado, Beatriz Elena RodrÃguez, emocionada, recordou os abusos que sofrem os seus conterrâneos quando o seu corpo se torna “troféu dos autores da guerraâ€. Com humildade e sem fazer gala da sua habitual coragem, Ana Teresa Bernal, membro da equipa coordenadora e porta-voz nacional da Rede de Iniciativas pela Paz, mostrou uma guacamaya (um tipo de papagaio multicolor) para significar esta ocasião multicultural que permitiu a nomeação, como uma proposta colectiva “com a esperança de construir um mundo onde todos e todas tenhamos lugar com as nossas diferençasâ€. Realçou a proposta deste Novel com mil mulheres como “um acontecimento polÃtico para a Colômbia e o mundo que tanto precisam de uma grande força de pazâ€. São muitos os factores que afectam a vida pública e privada das mulheres que, na Colômbia, são 22 milhões. A decisão do júri nesta selecção realça o aprofundamento da marginalização e exploração devido à “luta pelos direitos, pela sua participação polÃtica, pelas mudanças das culturas tradicionais para formas mais horizontais e equitativas no processo de distribuição de bens e responsabilidadesâ€, assim como destacou o profundo conflito social e armado que estas mulheres puderam amenizar através da sua mobilização e organização. Deu-se destaque aos processos de resistência civil, representados por mulheres do Madalena Médio, Arauca, Chocó, Cauca, Bogotá, Barranquilla, Córdoba e do Urabá antioquenho, com diferentes tipos de organização: estratégias agro-alimentares, formas colectivas de alimentação para combater a fome e neutralizar o aumento da exclusão social; formas organizativas para fazer frente à violência polÃtica regional e local em função de construir espaços colectivos a favor do diálogo e da paz; novas formas de fazer polÃtica resgatando a autoridade feminina, dando relevo à s mulheres nos cenários de poder e na toma de decisões. Enfim, o júri recuperou as experiências na construção de formas alternativas de cidadania e de consolidação da democracia. As vidas e as estratégias de paz de todas as nomeadas serão difundidas através de um filme e um livro, tornando-se uma peça importante para investigações e organizações e cooperação. Mónica Valdés, Fátima Missionária América Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...