Vaticano

Missionária brasileira denuncia campanha dos traficantes de órgãos em Moçambique

Octávio Carmo
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Maria Elilda dos Santos, a missionária brasileira que denunciou o alegado tráfico de órgãos humanos em Nampula, manifestou-se hoje "preocupada" com tudo o que está a acontecer na província, sobretudo com os últimos acontecimentos que dão conta da detenção das vítimas que sobreviveram e seus familiares. Num comunicado enviado esta terça-feira à RDP/África, a missionária denuncia, uma vez mais, os traficantes que estão a fazer campanha contra si, desviando desta forma as investigações que visam o apuramento dos factos, "ganhando tempo e apagando todas as provas". No comunicado, Maria Elilda dos Santos reafirma que tem provas dos factos, e mais importante, são as próprias vítimas sobreviventes e familiares que estão com ela. Elilda dos Santos revela que "nos últimos dias intensificaram-se as buscas às casas das vítimas identificadas. Fazem ameaças. Uma das vítimas foi presa e ao sair da cadeia recusou-se a falar connosco devido às ameaças recebidas". A terminar, a missionária faz um apelo às autoridades moçambicanas e internacionais: "socorram em primeiro lugar as vidas ameaçadas - é urgente. Estou pronta para ser ouvida num tribunal internacional. Estou preparada para tudo", assegurou. No início deste mês, Agência ECCLESIA divulgou o documento onde as Conferências dos Religiosos e Religiosas de Moçambique (CIRM-CONFEREMO) abordam as denúncias de tráfico de crianças e órgãos humanos em Nampula, confirmando a existência desta prática. O documento de sete páginas apoia a denúncia feita pelas missionárias de Nampula, referindo que “é inegável a existência de uma rede de tráfico de órgãos a actuar na África do Sul, para ficarmos apenas na nossa vizinhança”. O comunicado indica também o nome de um casal a agir em Nampula, que já tinha sido apontado pelos missionários no local e consideram-nos elementos colocados no tráfico de crianças. Os religiosos denunciam um “estranho movimento nocturno de viaturas e aeronaves de pequeno porte, no aeroporto de Nampula, que tem limites com a propriedade do casal em questão e com o mosteiro Mater Dei”. Para os oitos responsáveis católicos que assinam o documento, o Estado não está a fazer uma investigação séria sobre os casos que foram denunciados desde o dia 2 de Outubro de 2002, criticando “negação apressada, pura e simples das denúncias” e “a tentativa de desacreditar as denúncias e de modo particular uma das denunciantes, Maria Elilda dos Santos”, que hoje se voltou a manifestar.


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