Vaticano

Missionários falam em massacre no norte de Moçambique

Octávio Carmo
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14 pessoas foram mortas nas últimas semanas. Presidente Chissano exige investigação aprofundada sobre a questão

Os meios de comunicação social revelaram que pelo menos 14 pessoas foram detidas na província de Nampula, Moçambique, por terem em sua posse órgãos humanos. As detenções ocorreram no início de Abril, no distrito de Nacarroa, no norte do país (ver o mapa). Esta notícia não deixou satisfeitos os missionários católicos no país, que contestam a eliminação de um dado importante: “o que a notícia não diz é que foram mortas 14 pessoas, só em Nacaroa”, referem à Agência ECCLESIA. Estes dados não são ainda públicos, mas só na semana passada poderá ter havido outros casos noutras localidades da Província de Nampula. Esta região tem sido palco de diversas denúncias sobre crimes de tráfico de órgãos humanos. Os últimos 14 detidos admitiram terem sido os próprios recolher os órgãos, revelando que exumaram cadáveres para os retirarem, mas não explicaram para que fins o fizeram. “A história como está contada deixa muitas dúvidas sobre a verdadeira realidade. Nem será de colocar de parte se tudo não passa de ‘montagem’, seja para provar a teoria de que a culpa de todos os males são os feiticeiros estrangeiros, seja para ocultar o verdadeiro tráfico de órgãos”, contesta a Igreja no país. A polícia e a Procuradoria de Nampula são acusadas de terem tentado esconder a realidade “até onde puderam”. Chissano admite tráfico O presidente moçambicano, Joaquim Chissano, fez ontem um apelo para que esta questão seja alvo de uma “investigação aprofundada”. Falando na Assembleia da República de Moçambique, no debate do "Estado da Nação", Chissano não esqueceu o alegado tráfico de crianças e órgãos humanos no país. "Não podemos permitir que Moçambique se torne terreno fértil deste mal", destacou Chissano, insistindo numa investigação aprofundada "para não criar um sentimento generalizado de insegurança e pânico". O presidente Chissano classificou o tráfico de crianças e de órgãos humanos como "aberrações", que devem ser "condenados e punidos severamente" e pediu aos países vizinhos para se manterem alerta no combate aos traficantes. Embora este responsável tenha admitido "fragilidades" no sistema jurídico moçambicano, sobretudo no que diz respeito à "falta de meios humanos e materiais", até agora Moçambique recusou-se a aceitar a oferta de ajuda nas investigações feita por Portugal, pelo Brasil, pela Itália e pela própria Comissão Europeia. “Pode ser que desta vez Moçambique vá aceitar a proposta de uma equipa conjunta formada pela Comissão Europeia, pela Comissão de Direitos Humanos da ONU (que também está altamente interessada em saber o que se passa em Nampula) e pela União Africana”, esperam os missionários. Para saber mais • Moçambique


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