Mostrar os caminhos da paz Elias Couto 09 de Janeiro de 2007, às 10:24 ... Intenção Geral de Bento XVI para o mês de Janeiro Que no nosso tempo, marcado por frequentes episódios de violência, os Pastores da Igreja continuem a mostrar os caminhos da paz e da concórdia entre os povos 1. Ao serviço da paz... A paz é um dos desejos mais fundos do coração humano – creio que até os violentos promotores de conflitos e guerras anseiam, talvez de um modo distorcido, a paz. Uma paz que não seja apenas ausência de guerra – embora deva ser, em primeiro lugar, ausência de guerra; uma paz feita daquela tranquilidade bem ordenada, segundo a justiça, capaz de permitir a cada ser humano viver e desenvolver as suas possibilidades, sem receio de atropelos, injustiças ou violências destruidoras. A paz plena está, certamente, para além disso – mas trata-se, então, sobretudo de um dom de Deus, que reparte as suas graças quando e como Lhe apraz; a nós, cabe-nos servir a paz, agindo no que está ao nosso alcance para se desatarem os nós da violência: para que o nosso coração renuncie ao desejo do poder e da violência, a nossa famÃlia viva pacificada, a nossa comunidade seja espaço de diálogo e compromisso na paz, o nosso paÃs seja agente de paz, a nossa Igreja seja construtora de paz... 2. ... num mundo violento. «Esperávamos a paz, mas nada vemos de bom; esperávamos a hora do alÃvio, mas só vemos a angústia!» (Jer 14, 19). As palavras do profeta Jeremias parecem (e foram também) escritas para os nossos tempos: o ruÃdo da guerra continua a chegar até nós, mesmo se ela não acampa à nossa porta; milhares morrem todos os dias, vÃtimas da violência e da guerra, nos mais diversos recantos do nosso planeta, e muitos empenham-se em proclamar – em nome de Deus, da segurança nacional, dos interesses económicos, ou simplesmente do desmedido desejo de poder – as «virtudes» da guerra e as vantagens de promover a destruição e a morte. «Esperávamos a paz», fruto de um mundo mais desenvolvido, educado e dialogante – e «nada vemos de bom», antes se agigantam, em diversas partes do mundo, as nuvens negras de mais conflitos armados, violência, destruição e morte. Esperávamos o fim da ameaça nuclear – mas só «vemos a angústia» de novas ameaças do mesmo género, com mais paÃses em busca do poder atómico, com grupos terroristas ameaçando usar armas quÃmicas ou biológicas. «Esperávamos a paz», mas anunciam-nos mais guerras a curto prazo... 3. Mostrar os caminhos da paz. É o que se espera dos Pastores da Igreja. Já o fizeram no passado e devem continuar a fazê-lo no presente. Se João Paulo II foi o arauto incansável da paz – mesmo quando as evidências e a «lógica» do mundo estavam contra ele; se Bento XVI, em poucos meses de pontificado, já pôde contribuir tão notavelmente para a cultura da paz; se tantos bispos, em tantas partes do mundo, aparecem como referências humanas e espirituais no empenho continuado em favor da paz... não há razão para ceder ao desespero. Os Profetas continuam a proclamar o Deus da paz e a paz de Deus. Os Pastores da Igreja continuam a agir em favor da paz entre os homens e as nações e a educar os fiéis para a promoção da paz. Mesmo quando os agentes do mal, promotores de terrorismos e guerras, parecem deter o poder de levar a humanidade a mergulhar nos abismos negros da violência assassina, a palavra dos Pastores da Igreja continua a fazer-se ouvir, falando de paz. Não porque neguem a evidência da guerra – como fazem os falsos profetas de todos os tempos; antes porque, mesmo no fragor das batalhas, conseguem fazer ouvir o grito angustiado dos que sofrem a violência, a destruição e a morte; e continuam a anunciar a bem-aventurança da paz, como dom de Deus e edificação dos homens de boa vontade. 4. O Dia Mundial da Paz. O Natal celebra a Paz de Deus, graça plenamente livre da sua bondade, em seu Filho nascido um de nós e à nossa vista no presépio de Belém. E por aà devemos começar: acolher, em Jesus, o Deus da Paz e a Paz de Deus. Nascido um de nós, porém, o Filho de Deus é um convite vivo e permanente a agirmos para que a Paz de Deus seja assumida por cada um como a nossa paz. Por isso, a Igreja celebra e convida todos os homens e mulheres de boa vontade a celebrarem o Dia Mundial da Paz, a 1 de Janeiro – como sinal do desejo humano de paz e como compromisso nosso em favor da paz. Não é um mero simbolismo despido de eficácia. É um Dia para os dias, todos os dias, nos quais a violência e as armas tomam a dianteira ao diálogo e ao perdão. É um Dia a lembrar a necessidade de agir, pois os dons de Deus não passam sem a colaboração, sobretudo a disponibilidade, dos homens. E há modos muito concretos de agir em favor da paz. Leia-se, a propósito, a Mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial da Paz deste ano 2007 que começa com guerras e pleno de ameaças de mais guerras... Elias Couto Bento XVI Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...