O Presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, garantiu hoje aos jornalistas que não há qualquer indício de tráfico de órgãos humanos em Nampula. A afirmação foi feita pelo Presidente moçambicano, após um encontro com Durão Barroso, seguido de conferência de imprensa em Maputo.
“Não é por não haver evidências que nós estamos de braços cruzados”, assegurou.
O assunto não fazia parte da agenda de conversações entre o Presidente e o Primeiro-ministro português, mas foi trazido à baila pelos jornalistas presentes. Em resposta, Joaquim Chissano garantiu que as autoridades do país estão empenhadas na investigação do caso de alegado tráfico de órgãos.
“Todas as instituições de segurança pública, a Procuradoria Geral da República estão a prosseguir com as investigações que possam permitir encontrar indícios", explicou.
Para Durão Barroso é preciso dar confiança ao trabalho das autoridades de Moçambique para o esclarecimento do caso e disse que Portugal "está sempre disponível para ajudar".
O jornal “Público” deu voz, neste sábado, a D. Germano Grachane, Bispo de Nacala, que alertou a conferência episcopal para o surgimento de corpos mutilados já em 2001, desconfiado de "ritos diabólicos" e de "superstições africanas".
“É uma crença comum a várias tribos: comendo, por exemplo, um coração de uma pessoa, a gente fica corajosa. Há referências a crianças que são vendidas aqui e entram em redes de tráfico com ligações à Rússia, à Ásia...”, adiantou.
O prelado diz que no país “mata-se uma pessoa como se mata uma galinha. O pai, com medo, sente que não vale a pena ir à polícia”, assegurou.