Projecto de solidariedade para crianças e jovens órfãos
Para grande parte das crianças e jovens sudaneses o Natal será marcado pela fome, pelo medo e pela incerteza quanto ao futuro. Mas para dezenas de órfãos da Diocese de El Obied em breve terá início uma nova vida.
A aldeia de Mayer Abun situa-se na região de Abyei – zona central do Sudão – uma região na linha da frente do conflito que opõe o Governo de Cartum e o Exército/Movimento Popular de Libertação de Sudão. Pelo seu isolamento, a aldeia foi um alvo fácil para os saques levados a cabo pelas milícias “Bagarra”. Até à assinatura do cessar-fogo em finais de Maio, morreram um milhão de pessoas nesta região.
Nos ataques das milícias eram frequentemente raptadas crianças e jovens, para serem depois vendidos como escravos no norte do país. Parte destas crianças e jovens foram recentemente recuperadas por organizações humanitárias (como a Christian Solidarity International), que tiveram de pagar resgates.
Ao regressarem à sua aldeia, estes jovens descobriram que os seus familiares e amigos estavam mortos ou a milhares de quilómetros de distância. Ficaram sozinhos 65 órfãos em Mayer Abun, aos cuidados da diocese e das organizações cristãs.
“Não há condições para que as crianças sejam adoptadas. Existe uma enorme pobreza e a vida é uma questão de sobrevivência”, escreveu Roberto Bronzino, ligado à Diocese de El Obied, no pedido de auxílio enviado à Ajuda à Igreja que Sofre em nome de D. Macram Gassis, Bispo de El Obied.
A instituição respondeu positivamente ao pedido do prelado sudanês e decidiu apoiar a construção de um orfanato, com cozinha, salas de estudo e uma enfermaria.
Roberto Bronzino deixou os seus votos de esperança: “Esperamos que o orfanato possa ser uma mão amiga para as crianças necessitadas. Servirá também como exemplo para que as pessoas vejam a importância da solidariedade”.
Em Portugal, a campanha de solidariedade pelo Sudão começou em meados de Julho e decorreu até o final ao Outubro. A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre publicou em Julho o relatório “Sudão, o grito que chega do deserto”, que alerta para a perseguição de que são vítimas os cristãos sudaneses, num país onde se travam conflitos sangrentos há mais de duas décadas.
O relatório descreve também alguns dos projectos que a Igreja do Sudão tem dinamizado como o abastecimento de água ou a prestação de cuidados médicos aos refugiados da guerra e às populações mais carenciadas. O documento salienta ainda a situação das escolas católicas “Salvem os Oprimidos”, fundadas em 1986 pelo Arcebispo de Cartum, D. Gabriel Wako, que estão actualmente em risco de encerrar porque não há dinheiro para as manter.
Criada em 1947 pelo Padre Werenfried van Straaten, inspirado na mensagem de Fátima, a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre é uma organização universal, dependente da Santa Sé, que apoia projectos pastorais em cerca de 130 países onde a Igreja se encontra em dificuldades.
A defesa dos direitos humanos e da liberdade religiosa, bem como a denúncia dos totalitarismos, do fanatismo religioso, a multiplicação das seitas e a falta de sacerdotes são, entre outras questões, as áreas actuais de acção da organização.
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre divulga informação cristã, em colaboração com os meios de comunicação social, através da impressão e distribuição de literatura religiosa e da publicação e divulgação de relatórios sobre a Igreja perseguida.
Fundação AIS/Agência ECCLESIA