Começou hoje, em Nova Iorque, na sede da ONU, a «Conferência para o diálogo entre fé e culturas».
Esta iniciativa promovida pelo Rei saudita Abdullah, integra um percurso de diálogo inter-religioso, iniciado com a visita que o Rei fez ao Papa, a 6 de Outubro, depois da Conferência pan-islâmica de Meca, em Junho, e da Conferência inter-religiosa de Madri, em Julho passado.
A Conferência em Nova Iorque vai contar com a presença de 10 chefes de Estado, seis chefes de Governo, além de numerosas delegações ministeriais. A Inglaterra vai estar representada pelo Primeiro-ministro Gordon Brown, e a França pelo ex-presidente francês, Jacques Chirac. Até agora, 65 delegações pediram para intervir durante os trabalhos de dois dias.
O Rei Abdullah convidou o Secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon, para pedir o apoio da ONU para esta iniciativa. A «Conferência para o Diálogo entre as confissões e as culturas» quer difundir um novo clima de optimismo na esfera mundial e no Médio Oriente, tendo em vista as próximas eleições políticas em Israel. O presidente israelita, Shimon Peres, vai também estar presente e vai fazer-se acompanhar do Ministro do Exterior, Tzipi Livni.
O Secretário Geral da ONU vai promover um jantar, esta noite, com todos os chefes de Estado presentes na Conferência. Ban Ki-Moon saudou a iniciativa que visa “aproximar os dirigentes que geralmente têm tendência para se afastar”.
O Secretário Geral afirmou ainda esperar que a participação “promova uma melhor entendimento e compreensão entre as diferentes culturas”.
Um membro da delegação do Rei saudita confirmou à imprensa a intenção de Abdullah “enviar uma mensagem ao Ocidente que visa mudar a ideia que têm do Islão ser uma religião de guerra e terror”. A mensagem quer centrar-se na “tolerância”.
Alguns críticos apresentam esta Conferência como uma “exercício de relações públicas”. A organização nova iorquina «Human Rights Watch» quer pressionar o Rei Abdullah a pôr fim à discriminação religiosa na Arábia Saudita.
“Não existe tolerância religiosa na Arábia Saudita, mas o Rei pede que o mundo ouça a sua mensagem de tolerância religiosa”, afirmou à imprensa Sarah Leah Whitson, pertencente ao grupo do Ocidente. “O diálogo deveria incidir sobre os locais onde há menos tolerância religiosa, onde se inclui a Arábia Saudita”.
O Presidente da Assembleia Geral das Nções Unidas, Miguel D'Escoto Brockmann, da Nicarágua, anfitrião do encontro, quis direccionar as atenções para os valores partilhados e menos para a questão religiosa. “Não estamos aqui para falar de religião”, afirmou durante uma conferência. “Estamos aqui para falar sobre os nosso valores e sobre a forma de os colocar ao serviço das tomadas de decisão para ajudar o mundo a sair das actuais crises”.
O acordo saudita considera os outros muçulmanos, em especial os shiitas, infiéis e desaconselha o contacto com não muçulmanos. Os não muçulmanos não podem praticar actos religiosos em público na Arábia Saudita.