Vaticano

Novo Administrador Apostólico agredido em Cabinda

Agência Ecclesia
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Presumíveis delinquentes agrediram ontem na igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição o recém nomeado Administrador Apostólico da diocese de Cabinda, em Angola. De acordo com testemunhas oculares, D. Eugénio Dal Corso sofreu um violento ataque quando se preparava para celebrar Missa. Os agressores, um grupo de pretensos fiéis, por agora em fuga, irromperam na igreja com uma estratégia bem planeada, segundo relata o jornal católico “O Apostolado”. Primeiro, começaram com uma manobra de diversão que conseguiu dispersar os fiéis à espera no adro, sob o falso alarme de se ter introduzido na igreja um perigoso maluco. Após esta diversão e a pretexto de ir correr com o intruso, o grupo dirigiu-se para o lugar onde estava D. Dal Corso, relativamente isolado, altura em que o agrediram, ponteando-o até ao chão. De acordo com as mesmas testemunhas, o correspondente da Rádio Ecclesia, que se apercebeu da agressão, também foi agredido quando quis interpor-se para proteger o prelado. D. Dal Corso, de 66 anos de idade, foi prontamente levado ao hospital próximo, onde foi tratado, mas o seu estado não inspira cuidados. A situação de tensão que se vive em Cabinda relaciona-se com a designação do novo Bispo, D. Filomeno Vieira Dias, nomeado Bispo de Cabinda em Fevereiro, mas que ainda não tomou posse. Grupos locais exigem que o Papa nomeie um prelado natural de Cabinda, como o predecessor, D. Paulino Madeca, e não de Luanda. D. Francisco Da Mata Mourisca, uma das personalidades mais respeitadas em Angola pela sua acção em favor da paz e da democracia, referira recentemente numa entrevista à Agência ECCLESIA que “deplorava profundamente” os acontecimentos que envolvem a contestação ao novo Bispo, explicando que os mesmos “têm motivações políticas e não religiosas”. “Esta é uma atitude lamentável, porque não há nenhuma razão para exigirem um Bispo natural de Cabinda, isso é colocar condições ao Papa. De resto, aliás, é normal que o Bispo de uma Diocese seja oriundo de uma outra: em Angola temos 17 Dioceses e 15 Bispos são de Dioceses diferentes. Se é possível o Arcebispo de Luanda ser natural de Cabinda, porque não há-de ser possível que o Bispo de Cabinda seja natural de Luanda?”, perguntava. Excomunhão, Justiça Ainda ontem, em declarações à Rádio Ecclesia, o Núncio Apostólico no país qualificou a agressão a D. Dal Corso como "gravíssima ofensa para a Igreja, para o povo de Cabinda, para o povo de Angola”. “Quem faz isso não são pessoas que são dignas de ser chamadas homens. Se são cristãos, já estão na excomunhão. Se são outra gente, esta gente deve ser perseguida pela justiça”, defendeu o representantes do Papa, D. Anjelo Becciu. Não sabe se os agressores já foram identificados, mas o Núncio assegurou que o Bispo já estava sereno e determinado a dedicar-se à sua missão com fé. De nacionalidade italiana, D. Dal Corso fora apresentado na última sexta-feira pelo Núncio no seu novo posto, que vai acumular com a chefia da diocese de Saurimo. Tem como missão, em Cabinda, preparar a tomada de posse do novo Bispo titular, D. Filomeno Vieira Dias, cuja nomeação é contestada por uma parte do clero local e fiéis. Um primeiro administrador apostólico, D. Damião Franklin, fora nomeado pelo Vaticano em Fevereiro passado para sacudir essa animosidade. Na semana passada, Arcebispo de Luanda, natural de Cabinda, pediu a resignação ao cargo e foi então substituído por D. Dal Corso. Redacção/O Apostolado


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