D. Filomeno Vieira Dias, nomeado Bispo de Cabinda em Fevereiro, pelo Papa João Paulo II, deverá ter a sua entrada solene naquela Diocese na primeira quinzena do mês de Julho. A notícia foi confirmada à Renascença pelo Núncio Apostólico em Luanda, D. Ângelo Beccio.
Com esta decisão poderão estar ultrapassadas as dificuldades dos últimos meses naquela Diocese, com sucessivas manifestações da população e de parte do Clero local contra o facto de D. Filomeno Vieira Dias não ser natural de Cabinda.
O Núncio Apostólico em Luanda diz que esta nomeação "vai responder às exigências da Igreja de Cabinda" e sublinha que D. Filomeno conhece bem a Diocese.
"Ele foi lá jovem seminarista, jovem padre. É um homem que ama a gente de Cabinda [e] pode ser o Pastor ideal para a Diocese", refere.
As reservas ao novo Bispo têm como pano de fundo a situação de tensão que se vive no Conclave, confirmou à Renascença o antigo Bispo de Cabinda, D. Paulino Madeca.
A nomeação do novo Bispo de Cabinda tem sido muito contestada por uma parte dos fiéis católicos do enclave, que exige a nomeação de um bispo natural daquela região do norte de Angola. A contestação atingiu o seu ponto mais alto em meados de Março, quando o administrador apostólico da diocese, D. Damião Franklim, foi vaiado durante a celebração da Missa Crismal, na Sé de Cabinda.
Na última assembleia da Conferência Episcopal, a CEAST publicou um comunicado onde lamentava “a atitude inesperada e estranha dos irmãos de Cabinda em recusarem a nomeação feita pelo Santo Padre ao prover de Pastor próprio esta Diocese irmã”. Os bispos consideravam ainda grave que “círculos alheios à fé cristã e católica queiram instrumentalizar e subordinar à política a própria autoridade da Santo Padre, Sucessor de Pedro” e terminam apelando ao diálogo.
O enclave de Cabinda é a última província de Angola onde ainda se verificam acções militares, opondo várias facções da Frente de Libertação de Cabinda e as Forças Armadas Angolanas. A Igreja local e organizações cívicas têm denunciado a violação dos Direitos Humanos de que é alvo a população, e a CEAST tem afirmado que a guerra não é solução nem caminho para chegar a qualquer solução.