O corpo de uma menina de três anos foi encontrado no distrito de Gondóla, na província central de Manica, noticiou ontem a Rádio de Moçambique. A pequena Elisa Elias José tinha desaparecido a 11 de Dezembro de 2003, tendo o seu cadáver sido encontrado, já em avançado estado de decomposição, numa mata situada perto de casa dos avós, onde residia.
O chefe do posto administrativo de Massinhi, em Gondóla, disse, em declarações à Rádio Moçambique, que uma equipa de médicos e a polícia constaram, no terreno, que o corpo da menina “tinha sinais de mutilação de vários órgãos”.
Uma missionária Comboniana, a trabalhar em Nampula, declarou hoje que “a verdade é que nos últimos meses inúmeras crianças desapareceram no nada”.
“Algumas pessoas de confiança encontraram os cadáveres dos meninos, privados de vários órgãos, mas não sabemos o que está a acontecer, de facto”, explicou.
Na passada segunda-feira a Agência ECCLESIA divulgou o documento onde as Conferência dos Religiosos e Religiosas de Moçambique (CIRM-CONFEREMO) abordam as denúncias de tráfico de crianças e órgãos humanos em Nampula, confirmando a existência desta prática (ver notícias relacionadas).
O documento de sete páginas apoia a denúncia feita pelas missionárias de Nampula, referindo que “é inegável a existência de uma rede de tráfico de órgãos a actuar na África do Sul, para ficarmos apenas na nossa vizinhança”.
De acordo com esta Comboniana, “já se notam algumas mudanças: o governador de Nampula pediu publicamente que a população esteja atenta e denuncie qualquer desaparecimento suspeito”.
Para os responsáveis católicos que assinam o documento, o Estado não está a fazer uma investigação séria sobre os casos que foram denunciados desde o dia 2 de Outubro de 2002, criticando “negação apressada, pura e simples das denúncias” e “a tentativa de desacreditar as denúncias e de modo particular uma das denunciantes, Maria Elilda dos Santos”.
CORPO DE RELIGIOSA TRASLADADO PARA BRASIL
O corpo da missionária brasileira luterana Doraci Edinger assassinada no dia 21 de Fevereiro em Nampula, foi ontem trasladado para o Brasil.
De acordo com a agência Lusa, os cinco suspeitos de envolvimento no crime continuam detidos mas ainda não foram ouvidos pelo juiz de instrução, que terá que se pronunciar sobre a sua situação.
Doraci Edinger foi assassinada na sua residência a 21 de Fevereiro, a golpes de martelo, por alguém que a polícia julga ser conhecido da vítima. O assassinato da missionária, em Moçambique, virou as atenções do mundo para esse país, no dia seguinte ao Procurador Geral Adjunto moçambicano, Rafael Sebastião, ter revelado as conclusões das investigações levadas a cabo pela Procuradoria Geral da República (PGR), sobre o alegado tráfico de órgãos humanos na província de Nampula, defendendo a não existência de tráfico no país.
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