Vaticano

O Cinema Alemão e a Guerra

Francisco Perestrello
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60 anos passados sobre o final da II Guerra Mundial o cinema vem relembrar aos mais velhos alguns factos e situações que viveram, mesmo aqueles que, como os portugueses, não estiveram directamente envolvidos no teatro de operações. Para os mais novos, ver estes filmes constitui uma preciosa informação adicional sobre o que tenham aprendido no circuito escolar, ou lido ou visto em variados programas de televisão. Vencendo tabus o próprio cinema alemão se tem debruçado sobre este duro período de 1939 a 1945, sendo recentes dois filmes sobre a matéria. «A Queda – Hitler e o fim do III Reich» debruçava-se sobre os últimos dias da guerra e os poucos políticos que rodeavam Hitler no seu bunker; «Sophie Scholl – Os últimos Dias» descreve acções da parte contrária, ainda no decurso de 1943, quando a derrota da Alemanha já se antevia mas estava longe de ser um facto adquirido. Sophie Scholl, tal como seu irmão Hans e vários amigos, pertenciam a uma organização clandestina que tinha por objectivo derrubar o regime. O principal objectivo do filme será mostrar os processos de actuação da Gestapo, que uma vez detidos os suspeitos os interroga de uma forma intensiva, não dando qualquer oportunidade de fuga. Mesmo fazendo apelo a toda a coragem, nunca denunciando os seus companheiros de luta, Sophie Scholl acaba por se ver forçada a confessar a sua participação na distribuição de propaganda anti regime, o que a leva a ser entregue a um tribunal, que mais não faz que confirmar as decisões já tomadas no foro policial. Julia Jentsch tem um excelente trabalho como Sophie. Gerald Alexander Held, no papel de inspector da Gestapo, ao longo do interrogatório vê-se confrontado com a forte argumentação de Sophie que parece, por vezes, chegar a despertar-lhes alguns sentimentos de culpa. «Sophie Scholl – Os últimos Dias» segue-se com muito agrado e faculta uma informação séria e bem fundamentada. Francisco Perestrello


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