Vaticano

O Cinema em 2005

Francisco Perestrello
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Com mais de um século de História o cinema tem uma dificuldade cada vez maior de apresentar obras verdadeiramente originais, de renovar os seus temas e o seu estilo. Mesmo assim são frequentes os anos em que reúnem alguns trabalhos de elevado valor, que merecem a atenção dos espectadores e justificam a sua designação como arte. O ano corrente, que vai quase a meio, tem sido sobretudo uma época de desilusões. Entre outros foi lançado o «Episódio III» de «Star Wars» que, embora com uma poderosa campanha de marketing e contando com a qualidade invejável dos efeitos especiais da companhia de George Lucas, mais não é que a sexta versão dos mesmos combates interplanetários, ligando, e muito bem, o princípio ao fim das aventuras de Skywalker e dos seus companheiros. Com qualidade, sim, mas de todo em todo insuficiente para constituir um novo passo capaz de arrebatar os verdadeiros cinéfilos. Não há, na generalidade dos casos, grande progresso nos filmes apresentados, o que não impede a abertura de novas salas a uma velocidade vertiginosa, numa ocasião em que, espera-se que conjunturalmente, o número de espectadores tem diminuído de uma forma relativamente acentuada. Entretanto a técnica vai progredindo, de uma forma discreta, com salas de projecção em ecrãs gigantescos, como os Imax, ou com cadeiras que acompanham com os seus movimentos e vibrações as situações mais intensas de cada filme; são as salas «Dynamic», ou com nomes congéneres. Por tudo isto a distribuição do cinema europeu tem vindo, em Portugal, a recuperar sobre o seu concorrente americano, mesmo que muitas vezes com um sucesso limitado. O grande espectáculo está em crise e chega assim a ocasião de dar ao público a oportunidade de acesso a obras menos espectaculares, mas que permitem uma análise cuidada de acontecimentos da vida, mesmo que tal seja feito dentro de um estilo de narrativa menos vistoso, mais lento e exigindo maior participação por parte do espectador. Francisco Perestrello


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