Vaticano

O Petróleo na Política Actual

Francisco Perestrello
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Syriana. Nome estranho, anagrama de estados árabes? Pouco importa, uma vez que o filme se passa num país não definido mas que permite, numa só obra, definir a política local sobre os direitos da população, a política americana sobre o petróleo, a actividade da CIA ou dos seus agentes nessa mesma região. Numa narrativa inicialmente confusa, mas que nos permite arrumar progressivamente os diversos elementos, "Syriana" dá-nos, pela mão Stephen Gaghan, uma imagem global do que se passa nos países árabes, ricos em petróleo mas sem saberem aplicar da melhor maneira os elevados lucros que daí podem advir ou que vão retirando. Nem todas as dificuldades, seguindo a linha do filme, se devem à intervenção americana, mas esta nem sempre se mantém dentro dos parâmetros mais convenientes. O filme observa este complicado mundo de negócios criticando abertamente a política dos estados envolvidos, com especial incidência na acção da CIA e na pressão concomitantemente exercida pelas grandes companhias americanas, mas sabe fazê-lo limitando-se às poucas vertentes que analisa, sem cair num ataque global a qualquer das partes. É uma obra inteligente, bem desempenhada por George Clooney e Matt Damon como cabeças de cartaz, mas são os pouco conhecidos actores árabes que mais contribuem para a correcta ambientação dos acontecimentos narrados. Os diálogos, para além do inglês como língua base, decorrem em árabe e dialectos locais, o que obrigará a legendagem até nos países de língua inglesa, mas contribuem para a genuinidade da narrativa. Na vertente comercial é importante o que respeita à intervenção do agente Bob Barnes (George Clooney), que sofre a perseguição e tortura por parte de árabes, ao mesmo tempo que é ignorado e negado como colaborador pelos americanos. "Syriana" não é um filme fácil mas contribui decisivamente para a informação dos espectadores mais atentos. Francisco Perestrello

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