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Octávio Carmo
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João Paulo II completou 26 anos de Pontificado

João Paulo II manifestou ontem a sua gratidão a todos aqueles que lhe formularam votos de felicitações e orações por ocasião da seu 26º aniversário de Pontificado, e pediu a "ajuda constante" de Deus para que o seu Pontificado dê frutos, adiantando pretender continuar "até Deus querer". A 16 de Outubro de 1978, após três dias de votações, os cardeais católicos elegeram Karol Wojtyla, arcebispo de Cracóvia, como novo Papa. 26 anos depois, sabemos que o seu Pontificado ficará para a história pela sua duração e pela linha de rumo bem definida, desde o momento inicial. Na sua primeira aparição pública, já a noite tinha descido sobre Roma, Wojtyla falou no balcão central da Basílica de São Pedro para pedir: "Não tenhais medo, abri as portas do vosso coração a Cristo". A primeira encíclica de João Paulo II surge como texto programático para todo o seu Pontificado, onde se expressa a vontade de que a Igreja e o mundo coloquem Cristo Redentor no centro das suas atenções. 26 anos depois, ao analisar todo o magistério de João Paulo II, pode-se concluir que ele permaneceu sempre fiel ao seu programa. De todos os Papas, João Paulo II é o que mais realizou viagens internacionais, mais de 100, procurando chegar ao maior número possível de pessoas. São igualmente numerosas outras actividades de João Paulo II: escreveu mais de uma dezena de encíclicas; elevou às honras dos altares mais de mil beatos e mais de 400 novos santos; convocou e presidiu o maior número de Sínodos dos Bispos; teve numerosos encontros com personalidades do mundo político, cultural, científico e religioso; concedeu mais de mil audiências gerais aos fiéis do mundo inteiro, com a participação de mais de dezassete milhões de peregrinos, sem contar as audiências especiais e os oito milhões de peregrinos durante o grande Jubileu do ano 2000. Karol Woytyla é o primeiro Papa eslavo e, para ele, ser eslavo não é apenas uma particularidade étnica, mas sim um sinal da Providência Divina. As profundas transformações ocorridas na Europa no final do segundo milénio e no início do terceiro têm em João Paulo II um dos principais protagonistas. No começo do Pontificado de João Paulo II, a Europa, pelo Tratado de IALTA, continuava dividida em dois blocos por motivos ideológicos e geopolíticos. Começava a surgir, à época, o Sindicato Solidariedade, que ameaçava provocar instabilidade não só no interior da Polónia mas também em outros países do Leste Europeu. Karol Woytyla apoiou e estimulou a chamada “Ostpolitikâ€, conduzida pelo seu Secretário de Estado, o Cardeal Agostinho Casaroli, e continuada pelo seu sucessor, o Cardeal Angelo Sodano. O processo culminou, no período do Presidente Gorbatchev, em Março de 1990, com o restabelecimento das relações oficiais entre o Vaticano e a ex-União Soviética. João Paulo II é, hoje, um dos maiores defensores da “Grande Europaâ€, que se estende do Atlântico aos Urais. A “Grande Europaâ€, segundo ele, deve respirar com os dois pulmões, alimentar-se com a riqueza das duas tradições: a cristã-ocidental e a eslavo-ortodoxa. A primeira encíclica de João Paulo II revela-o atento à necessidade não só do diálogo ecuménico com todas as Igrejas cristãs, mas também com todas as religiões. Neste Pontificado há uma grande novidade: o Papa sabe que o mundo não se tornará completamente cristão ou católico, sabe que é necessário viver com os demais, sejam judeus, muçulmanos ou ateus, e isto é radicalmente novo na concepção da Igreja. O ecumenismo (diálogo e cooperação entre as Igrejas cristãs) é uma das linhas mestras do Pontificado de João Paulo II. Com este Papa, o ecumenismo foi a ponte para uma perspectiva mais vasta: a do diálogo e cooperação entre os crentes de todas as religiões. Este empenho no diálogo inter-religioso é uma originalidade do Concílio Ecuménico Vaticano II que João Paulo II levou a novos níveis. Começou com a histórica jornada de Assis, em Outubro de 1986; esta e outras iniciativas semelhantes tornaram mais fácil o diálogo entre as grandes religiões, de modo particular, entre aqueles seus representantes mais capazes de entender o alcance de um tal diálogo. Toda a acção de João Paulo II passou, neste âmbito, por um esforço religioso e diplomático reconhecido por todos, procurando mostrar que o caminho para a paz é o da maturidade humana e espiritual, que conduz ao diálogo e evita o tão temido “choque de civilizações". O Papa, que entrou em sinagogas e mesquitas, sabe que a guerra é provocada pela falta de respeito à cultura, à religião, à liberdade legítima do outro, e tem vindo a abrir a Igreja Católica ao diálogo com as outras religiões, de uma forma que até, muitas vezes, não é recíproca. Da Rússia, com amor A celebração dos 26 anos de Pontificado de João Paulo II ficou marcada pelo concerto do Coro e da Orquestra do Exército Russo, na passada sexta-feira, que foram até ao Vaticano interpretar um repertório da tradição russa em homenagem ao Papa. No final do concerto, João Paulo II agradeceu aos artistas e exprimiu o seu afecto para com “o nobre povo russoâ€, invocando a protecção da Mãe de Deus de Kazan, cujo ícone devolveu recentemente à Igreja Ortodoxa da Rússia. O Vaticano recebeu milhares de mensagem de parabéns do mundo inteiro, inclusive de vários países islâmicos, segundo indicou o porta-voz Joaquín Navarro-Valls.


João Paulo II - 25 Anos