Bispo D. Abílio Ribas fala em potencialidades e perigos do «cheiro a petróleo»
O primeiro bispo a residir em São Tomé e Príncipe, D. Abílio Ribas, manifestou-se preocupado com o “cheiro a petróleo” que já se sente no arquipélago.
“Se olharmos para o petróleo em África e no Médio Oriente, temos razões muito sérias para pensar que se vai tratar do paraíso de uns poucos e do inferno de muitos”, revelou no último número da revista “Encontro”, dos missionários Espiritanos.
Segundo o prelado, a sociedade santomense já está alertada para o que pode acontecer, revelando que, “para já, nada nos faz desconfiar que o governo não cumpra”. D. Abílio Ribas recorda mesmo a recente tentativa de golpe de Estado, assinalando que “a vigilância da oposição é mais atenta e exigente, tudo avança com os olhos no petróleo que se aproxima”.
“As advertências ao Governo sobem de todos os lados e este promete que o petróleo será do povo”, acrescenta.
A importância de uma boa administração dos dinheiros do petróleo é tanto mais importante, segundo este responsável, quanto mais dramática é a situação da população, que classifica de “pobreza generalizada”.
“A situação mais dramática é a dos velhos. Com demasiada frequência são abandonados ou rejeitados pelos familiares, ficando entregues a si próprios; a rejeição da família arrasta a rejeição da vizinhança e o velho parras a ser alguém de quem é necessário desfazer-se”, relata.