Papa deixa alertas no campo da bioética
A necessidade de formar e estimular a consciência de cada um e a responsabilidade moral que a todos toca, nomeadamente nas questões de bioética, foi sublinhada pelo Papa nas palavras que dirigiu a um grupo de Bispos Brasileiros (regional Sul 1A, que inclui São Paulo), recebidos no Vaticano, na conclusão da respectiva visita ad limina Apostolorum.
O povo brasileiro – começou por observar o Papa - “abriga no coração um grande sentimento religioso e nobres tradições, enraizadas no cristianismo, que se exprimem em sentidas e genuínas manifestações religiosas e civis”.
“Trata-se – recordou - de um património rico de valores, que procurais manter, defender, estender, aprofundar, vivificar”.
Bento XVI exortou os bispos brasileiros a prosseguirem “nesta obra de constante e metódica evangelização, cientes de que a formação autenticamente cristã da consciência é decisiva para uma profunda vida de fé e também para o amadurecimento social e o verdadeiro e equilibrado bem-estar da comunidade humana.”
Para o Papa, “uma vida social autêntica tem início na consciência de cada um”. É a consciência bem formada que leva a realizar o verdadeiro bem do homem: “A Igreja ilumina o homem e, através de toda a vida cristã, procura educar a sua consciência. O ensinamento da Igreja, devido à sua origem – Deus –, ao seu conteúdo – a verdade – e ao seu ponto de apoio – a consciência –, encontra um eco profundo e persuasivo no coração de cada pessoa, crente e mesmo não crente”.
Neste contexto, Bento XVI encoraja os Bispos do Brasil a “falar ao coração” do seu povo, despertando as consciências e congregando as vontades contra a crescente onda de violência e menosprezo do ser humano: “De dádiva de Deus que é, acolhida na intimidade amorosa do matrimónio entre o homem e a mulher, o ser humano passou a ser visto como mero produto humano”.
Hoje em dia – advertiu – “um campo primário e crucial da luta cultural entre o absolutismo da técnica e a responsabilidade moral do homem é o da bioética, onde se joga radicalmente a própria possibilidade de um desenvolvimento humano integral”. “Trata-se de um âmbito delicadíssimo e decisivo, onde irrompe, com dramática intensidade, a questão fundamental de saber se o homem se produziu por si mesmo ou depende de Deus”, prosseguiu.
O Papa concluiu convidando os prelados brasileiros a não se cansarem de fazer apelo à consciência. “Não seríamos seguidores fiéis do nosso Divino Mestre se não soubéssemos em todas as situações, mesmo nas mais árduas, levar a nossa esperança para além do que se pode esperar. Continuai a trabalhar pelo triunfo da causa de Deus, não com o ânimo triste de quem adverte só carências e perigos, mas com a firme confiança de quem sabe poder contar com a vitória de Cristo”.
Bento XVI