A iminente publicação de um documento conjunto luterano-católico e o relançamento da comissão mista católico-ortodoxa são duas etapas positivas para o reforço da “rota” ecuménica que, segundo o cardeal Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, deixa vislumbrar a possibilidade de um encontro do Papa com todos os patriarcas das Igrejas ortodoxas e de uma reunião com o Patriarca ortodoxo de Moscovo, Alexis II.
“Todos os representantes das Igrejas cristãs alegraram- se muito de que o Papa tenha declarado que a unidade é uma prioridade”, constata o purpurado, numa entrevista publicada no sábado no jornal italiano “La Repubblica”.
“Com o Patriarcado ecuménico de Constantinopla estamos a relançar a comissão mista católico-ortodoxa – recorda –. Em Dezembro, realizar-se-á uma reunião preparatória e na primavera de 2006 reunir-se-á a comissão plenária”.
Também o Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I – “primus inter pares” das Igrejas ortodoxas –, convidou o Sumo Pontífice a visitar Istambul, na Turquia, por ocasião da festa de Santo André, patrono da Igreja ecuménica de Constantinopla, no dia 30 de Novembro.
Por outro lado, como “uma ideia para testemunhar a fé na sociedade secularizada e expressar a intenção comum de avançar para a unidade perfeita”, o Cardeal Kasper apontou que “se poderá pensar num encontro do Papa com todos os patriarcas das Igrejas ortodoxas”, uma iniciativa que requereria “uma longa preparação”
. Quanto às relações com o Patriarcado ortodoxo de Moscovo, o Cardeal Kasper, confirmando que “melhorou o clima”, apontou a possibilidade de um encontro entre o Papa Bento XVI e o Patriarca Alexis II, “mas talvez não em Moscovo; quem sabe, num terceiro lugar”.
“Até agora, Alexis II diz que devemos resolver os problemas do chamado proselitismo católico no Leste e do uniatismo (termo com o qual os ortodoxos se referem aos cristãos de países de tradição ortodoxa em união com o Papa). Em nossa opinião, pode-se realizar o encontro, através de uma declaração conjunta preparada de forma adequada”, manifestou o responsável pelo ecumenismo no Vaticano.
“Nós já lhes dissemos claramente que o proselitismo não é a intenção, não é a política, não é a estratégia da Igreja católica – declarou –. Se na Sibéria se cometem erros de uma parte ou de outra, é bom que se fale aos bispos locais “.
Com respeito à Federação Luterana, “as relações são óptimas – prosseguiu o purpurado –. Em Outubro, publicaremos um novo documento conjunto sobre a apostolicidade da Igreja e a sucessão apostólica”, “um documento muito sólido”. Também “os metodistas querem aderir, no próximo ano, ao importante documento que firmámos com os luteranos sobre a “justificação” “, anunciou.
Recorde-se que a Declaração conjunta, aprovada pela Igreja católica e a Federação Luterana Mundial, foi assinada na cidade alemã de Augsburgo, no dia 31 de Outubro de 1999. O texto expressa o consenso entre luteranos e católicos quanto à doutrina da justificação, que se converteu na causa da Reforma de Lutero.