O Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Alexis II, manifestou ontem o desejo de que a Igreja Católica “mude radicalmente” a sua política no país e nas antigas repúblicas soviéticas, acusando João Paulo II de ter colocado obstáculos no caminho ecuménico.
“Entre as nossas duas Igrejas há complicações que apareceram no período em que a Igreja romana foi dirigida por João Paulo II”, disse em entre vistas ao "Corriere de La Sera". Nesse sentido, o Patriarca de Moscovo refere que o próximo Papa deve reforçar o diálogo com os ortodoxos.
Alexis II diz não lamentar o facto de o Papa João Paulo II nunca ter visitado a Rússia, porque essa viagem só teria feito sentido se as duas partes se tivessem aproximado. “
As visitas devem exprimir os resultados positivos e infelizmente isso não se verificou entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa”, aponta.
O Patriarca russo não deixa de destacar a importância que João Paulo II, considerando que a sua acção “reforçou a fé dos católicos no mundo inteiro”.
Alexis II opôs-se sempre a uma visita de João Paulo II à Rússia, algo que o Papa desejava profundamente fazer. O Patriarca Ortodoxo tem insistido na tese de "proselitismo católico" na Rússia e nas outras onze repúblicas da ex-União Soviética.
Acusando católicos e protestantes de proselitismo, Alexis II pretende que o Cristianismo na Rússia seja sinónimo exclusivo de Igreja Ortodoxa. A acusação de proselitismo, de facto, deveria ser aplicado apenas a casos de conversão forçada ou recrutamento de fiéis através de fraude ou engano, o que não é o caso na Rússia de hoje, ao contrário do que era prática da Igreja Ortodoxa no regime de Estaline.